A obra – Adoração dos Pastores ? (Estudo)–, que acaba de ser restaurada, possui escassa documentação pregressa no museu. Pelo que permitem supor o tipo e a posição da figura, ela poderia ser um estudo de uma grande composição com a
Adoração dos Pastores. O estilo quase caricatamente naturalista e fatura arrebatada, que empasta e revolve a matéria, parecem nascer menos da cultura tardo caravaggiana de Nápoles do que dos impactos causados na cultura pictórica
veneziana pelas duas estadas de Luca Giordano em Veneza, em 1652-1653 e em 1667. No final dos anos 50, aí aporta também, como se sabe, Giambattista Langetti, vindo de Roma, sendo plausível uma passagem por Nápoles,
onde Ribera acabava de falecer (1652). A influência do encontro de Giordano e de Langetti sobre os pintores venezianos da geração de Johann Carl Loth (1632-1698) e de Antonio Zanchi (1631-1722) parece ter neste
estudo do Masp um testemunho eloqüente. A obra, nesse caso, deveria datar-se dos anos 1660-1680. Segundo outra possibilidade, sugerida pela Dra. Rossella Vodret (comunicação oral), o pintor poderia também pertencer
ao tardio círculo de artistas seguidores de Poussin, em Roma.