MASP

Desconhecida (Artista otomana)

Capa decorativa (boche), Final do século 19

  • Autor:
    Desconhecida (Artista otomana)
  • Dados biográficos:
  • Título:
    Capa decorativa (boche)
  • Data da obra:
    Final do século 19
  • Técnica:
    Fio de metal sobre tecido de veludo
  • Dimensões:
    76 x 76 cm
  • Aquisição:
    Compra no contexto da exposição Histórias das mulheres, histórias feministas, 2019-20
  • Designação:
    Tecido
  • Número de inventário:
    MASP.10863
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Este conjunto apresenta têxteis produzidos por mulheres do antigo Império Otomano (circa 1299‑1922), que abarcou uma vasta região, incluindo cidades como Bagdá, Jerusalém, Damasco e Istambul, no Oriente Médio, e Argel, Tripoli e Cairo, no norte da África, chegando a uma porção da Europa, em Atenas, Belgrado e Budapeste. Os três tecidos apresentados na exposição fazem referência a tradição iconográfica islâmica, conhecida por suas padronagens altamente elaboradas. Um equívoco comum diz respeito a suposta proibição religiosa muçulmana da representação de figuras humanas. Na verdade, essa é uma tradição mais antiga, herdada do judaísmo e do cristianismo, cuja referência está em Deuteronômio 5:8 e Êxodo 20:4: “Não deves fazer para ti imagem esculpida, nem semelhança de algo que há nos céus em cima, ou do que há na terra embaixo”. Já a ênfase nas padronagens se refere a filosofia segundo a qual o mundo que Deus criou seria, ele próprio, uma parte de Deus. Para o filosofo andaluz Ibn ‘Arabi (1165‑1240), os seres humanos, ao se esforçarem para conhecer o divino, representariam uma parte a procura da outra, e a manifestação divina estaria presente na repetição das formas naturais. O Isla é uma religião baseada na mensagem do Alcorão (escrito entre 650 d.C. e 656 d.C.), no qual se afirma que o ser humano é responsável por suas ações individuais. Outro equívoco ocidental diz respeito a ideia de uma “cultura islâmica” homogênea. Há muitas culturas islâmicas, distribuídas por diferentes territórios, que se modificaram a partir de práticas culturais locais, dentre elas a infame violência contra as mulheres. Pesquisadores tendem a concordar que a segregação de gênero surgiu mais recentemente no contexto do Islã, e a relevância social da produção têxtil no Império Otomano, tradicionalmente feminina, atesta a valorização das mulheres muçulmanas naquela sociedade.

— Mariana Leme, mestranda em teoria e história da arte, ECA-USP, e integrante da equipe de curadoria, MASP, 2019

Fonte: Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Mariana Leme (orgs.), Histórias das mulheres, Histórias feministas, São Paulo: MASP, 2019.



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