Tomie Ohtake mudou-se para São Paulo aos 23 anos. Aos 39, iniciou seus estudos em pintura e integrou, em seguida, o Grupo Seibi (1953), com Manabu Mabe (1924-1997) e outros artistas imigrantes japoneses. Desenvolveu
uma obra que transita entre a abstração informal e geométrica, primeiro na pintura e, a partir da década de 1970, na escultura e na gravura. A artista também se destaca por suas obras públicas como a Ladeira da
memória, no Anhangabaú, ou ainda a homenagem aos oitenta anos da imigração japonesa, instalada na avenida 23 de Maio, em São Paulo. Suas pinturas são caracterizadas por composições sóbrias de formas geométricas
minimalistas – como o círculo e a curva –, com diferenças de texturas e jogos sutis de luz e sombra na superfície da tela. Outra estratégia recorrente na obra da artista consiste em explorar os contrastes de cores,
frequentemente fortes e puras, como em
Composição em amarelo. Duas largas faixas amarelas se encontram, ou se entrechocam, no centro para depois se separarem em suas extremidades, em uma composição quase simétrica. Essas tiras com contornos irregulares, como se tivessem sido
rasgadas ou recortadas, se destacam da superfície branca do fundo.
Por Eugênia Gorini Esmeraldo
Na obra Composição em Amarelodestacam-se, sobre um fundo branco, duas largas faixas amarelas, quase como duas grandes pinceladas que se atraem no centro e depois se separam. A camada pictórica é densa e espessa em oposição à zona mais clara. É
uma obra típica dos anos em que Tomie, usando poucos elementos de trabalho, usava-os com precisão tanto na forma quanto na cor, com o fundo aparecendo em algumas fendas ou aberturas definidas pelas áreas coloridas.
Há uma gestualidade e grande força expressiva e ao mesmo tempo suavidade na composição que podem nos remeter ao trabalho da americana Helen Frankenthaler, porém a obra de Tomie é mais contida.