MASP

Candido Portinari

Criança morta, da série Retirantes, 1944-1945, 1944

  • Autor:
    Candido Portinari
  • Dados biográficos:
    Brodowski, São Paulo, Brasil, 1903-Rio de Janeiro, Brasil ,1962
  • Título:
    Criança morta, da série Retirantes, 1944-1945
  • Data da obra:
    1944
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    182 x 190 x 3,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Assis Chateaubriand, 1948
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00326
  • Créditos da fotografia:
    Pedro Campos/ Elizabeth Kajiya/ Marcia Rizzuto (IFUSP)

TEXTOS



Na década de 1940, Candido Portinari produziu obras engajadas na denúncia do sofrimento humano fruto das injustiças sociais no Brasil. O artista foi influenciado pelas pinturas de Pablo Picasso (1881-1973) sobre a guerra, especialmente Guernica, de 1937, que pôde ver pessoalmente em Nova York. Criança mortafaz parte de uma série realizada em 1944, denominada Retirantes, uma narrativa épica sobre vidas marcadas pela seca e pela miséria na região Nordeste do Brasil, em uma sucessão de acontecimentos trágicos: a migração, a morte e o enterro. Em Criança mortavê-se uma família aos prantos pelo falecimento de um de seus membros. Ao centro da composição está a mãe, cujo rosto não é revelado pelo pintor, prostrada sobre o cadáver do filho, que pesa em seus braços. Todos os personagens têm os pés descalços, o corpo muito magro e acinzentado, como esqueletos, e se vestem com retalhos de pano. Destaca-se a pintura das lágrimas, muito volumosas e petrificadas. Ao chão, pedregulhos se alastram sobre um espaço amplo e árido que se prolonga no horizonte, sob o céu escaldante pintado em um degradê de tons de azul. Portinari se apropria do gênero do retrato em tamanho monumental, historicamente reservado como privilégio às elites políticas e econômicas, e utilizado aqui para representar a população miserável. Por outro lado, acaba por reduzir esses sujeitos a tipos genéricos e completamente vulneráveis, sem identidade ou agência, o que contribuiu para criar um certo imaginário sobre os nordestinos, produzido desde uma posição distanciada.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2020






Entre 1944 e 1945, como em um desdobramento da Série Bíblica, Portinari cria um ciclo de cinco telas, que o artista expõe em Paris em 1946, obtendo um fervoroso comentário de Germain Bazin. As telas são assim denominadas: Criança Morta, Criança Morta, Emigrantes, Retirantese Enterro na Rede. Delas, o Masp possui três, tendo o Musée d’Art Moderne de Paris adquirido uma das versões de Criança Morta. Embora menos audacioso que a Série Bíblica, o ciclo em questão aponta para divergentes soluções formais que vão desde um diálogo estreito com Siqueiros em Enterro na Rede, até soluções mais pessoais como Criança Morta, obra-prima da série, na qual a figura da criança atinge os extremos expressivos de Cosme Tura.

— Autoria desconhecida, 1998


Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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