MASP

Amedeo Modigliani

Lunia Czechowska, Circa 1918

  • Autor:
    Amedeo Modigliani
  • Dados biográficos:
    Livorno, Itália, 1884-Paris, França ,1920
  • Título:
    Lunia Czechowska
  • Data da obra:
    Circa 1918
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    81 x 53,5 x 2,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Raul Crespi, 1952
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00152
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Antes de se mudar para Paris em 1906, Modigliani estudou nas academias de Florença e Veneza. Na capital francesa, morou em Montmartre, bairro onde se reuniam artistas como Pablo Picasso (1881-1973), de quem Modigliani se tornou amigo. Em 1909, conheceu o escultor romeno Constantin Brancusi (1876-1957), influência que o levou a dedicar-se exclusivamente à escultura até 1914, quando voltou a pintar. Modigliani era alcoólatra e vivia na penúria; morreu aos 36 anos de meningite tuberculosa. No contexto da Escola de Paris, desenvolveu um estilo que remete ao cubismo, com figuras que tendem à estilização geométrica, como nas faces das máscaras africanas. Suas personagens transmitem também uma melancolia que lembra a das madonas italianas do renascimento. Seus retratos e nus são pintados sobre fundos quase monocromáticos, neutros, embora marcados pela textura da sua pincelada. Os pescoços são alongados; as faces, elípticas e de traços delicados. As seis pinturas do MASP, todas realizadas entre 1915 e 1919, entraram para a coleção do museu de 1950 a 1952. Lunia Czechowska, entrou para a coleção do MASP com o nome Madame Zborowski. Recentemente, foi comprovado que a personagem não era a esposa de Leopold Zborowski (1889-1932), mas sim uma amiga, da qual o pintor fez numerosos retratos.

— Equipe curatorial MASP, 2017




Por Nelson Aguilar
As personagens de Modigliani possuem um comportamento gótico, longilíneo, tal qual um girassol procurando as alturas, a fim de celebrar o heliotropismo, conforme se pode notar nos outros cinco retratos do acervo do Masp – Madame G. van Muyden, Renée, Chakoska, Retrato de Leopold Zborowski, Lumia Czcchwska. O Retrato de Diego Rivera infringe a regra, explodindo o formato em dois ritmos concêntricos que qualificam a figura exuberante do muralista mexicano. O artista se vale da técnica divisionista, multiplica as pinceladas, criando uma construção em vitral, elaborada em número de ouro. O quadro é tão inacabado quanto as aquarelas de Cézanne: o vazio presente na coloração ocre do papelão é incitado pelas correntes negras e prateadas e se torna território habitado pelo sentido gestual. O pintor, pela freqüentação com obras de artes milenares, possui profundo conhecimento do cerimonial. A abertura da Escola de Paris, diante da riqueza do que foi recalcado por toda a cultura acadêmica desde o Renascimento, permite reconhecer o culto solar, pré-colombiano, que Rivera iria reverenciar regressando ao país. Mais do que retrato, o óleo é a antecipação destinativa do modelo, operada tão-somente pela permeabilidade transcultural de Modigliani, aprendida com Brancusi, que iria impressionar também Tarsila do Amaral. Consultado pelo Masp, em 1953, Rivera declara que o quadro foi feito em seu ateliê, em Montparnasse.

— Nelson Aguilar, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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