Os dois títulos da tela Índio Atravessando um Riacho (O Caçador de Escravos) e a atribuição são provavelmente recentes. O estilo e a qualidade da obra militam a favor da atribuição a Debret, contra a qual, de qualquer modo, não foram apresentadas objeções de monta. Uma comparação com uma obra
segura de Debret, por vários motivos similares à do Masp, como a
Visita a uma Fazenda em Santa Cruz, de 1831 (coleção Bulhões de Carvalho, Rio de Janeiro), reforça resolutamente a atribuição e oferece uma referência cronológica a partir da qual é possível datar a obra do Masp. Embora já do terceiro decênio do
século, a obra reelabora um receituário paisagístico típico da situação figurativa do tardio Setecentos. A cascata prateada, os jogos de luz sobre as rochas de formatos convencionalmente pitorescos, o “frescor”
estudado do verde etc. são reminiscências da paisagística de um Lallemand (1710-1803) ou de um Pillement (1728-1808), embora sem a graça e a cumplicidade entre cultura e natureza que fizeram o charme dos
petits maîtresdo século XVIII francês.