MASP

Desconhecida (Artista inglesa)

Tecido, Década de 1730

  • Autor:
    Desconhecida (Artista inglesa)
  • Dados biográficos:
  • Título:
    Tecido
  • Data da obra:
    Década de 1730
  • Técnica:
    Fio de seda sobre tafetá de seda
  • Dimensões:
    89,5 x 66 cm
  • Aquisição:
    Compra no contexto da exposição Histórias das mulheres, histórias feministas, 2019-20
  • Designação:
    Tecido
  • Número de inventário:
    MASP.10867
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Este tecido inglês do século 18 apresenta um delicado bordado floral feito com fios de seda sobre tafetá de seda, palavra de origem persa que designa um material que foi entrelaçado. Trata‑se de um tecido de trama muito fina produzido, neste caso, também a partir do bicho‑da‑seda: uma lagarta que, para a construção de seu casulo, secreta um fio de mais de um quilometro. Os mais antigos vestígios de têxteis de seda foram encontrados em sítios arqueológicos chineses, datados de mais de 4.700 anos. Entre 206 a.C. e 220 d.C., a China estabeleceu importantes trocas comerciais com o Ocidente, cujo longo trajeto seria chamado, a partir do século 19, de “rota da seda”, atestando a importância do material. A partir de pelo menos o século 8, essa tecnologia têxtil foi levada para a Europa, especialmente para os países do Mediterrâneo. A partir do século 15, algumas manufaturas se estabeleceram na Inglaterra. A produção local acelerou ainda mais quando protestantes franceses ali se estabeleceram, fugindo da perseguição religiosa causada por um decreto do rei Luis 14, em 1685. Datado da década de 1730, este tecido é anterior a Revolução Industrial inglesa, e, portanto, todas as etapas do processo de fabricação eram feitas manualmente e exigiam conhecimentos técnicos complexos aliados a determinadas habilidades. As tecelãs deveriam criar os bichos‑da‑seda, desenrolar o enorme fio de seu casulo, preparar as fibras e fiar os novelos, confeccionar os pigmentos das mais variadas cores e garantir sua durabilidade, para então construir o tecido no tear e bordar motivos em sua superfície. Como se pode notar, o mito que vinculou as mulheres apenas as tarefas domésticas constitui‑se como um poderoso discurso ideológico, mas jamais se fez uso dele quando a força de trabalho feminino foi necessária para os sistemas econômicos, tanto escravocrata quanto manual, ainda durante a primeira onda do capitalismo fabril.

— Mariana Leme, mestranda em teoria e história da arte, ECA-USP, e integrante da equipe de curadoria, MASP, 2019

Fonte: Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Mariana Leme (orgs.), Histórias das mulheres, Histórias feministas, São Paulo: MASP, 2019.



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