MASP

Introdução a História da arte do Brasil: arte e crítica social

Horário
19H-21H
Duração do Módulo
ONLINE
23 e 30.7, 6, 13 e 20.8.2020
QUINTAS
(5 aulas)
Investimento
Público geral
5x R$ 32,00
Amigo MASP
5x R$ 27,20
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Fernanda Pitta
Ainda que nas últimas décadas o esforço historiográfico de armar um quadro a respeito da arte feita no Brasil tenha aumentado consideravelmente, ele tem algo de um mosaico incompleto, mas sujeito à ruína. Pietro Maria Bardi, um dos fundadores do MASP, em seu livro sobre a arte brasileira, sugere que essa narrativa se assemelha a um romance, entre a história real e a ficção, dado que muito do que se sabe sobre ela é da ordem da suposição: o país carece das obras e de outras fontes históricas que permitem traçar quadros abrangentes dessa produção. Ainda assim, alguns tópicos e questões parecem poder ser esboçados, ou ao menos apresentados sob a forma de hipóteses. 

Sendo assim, o curso tem como objetivo olhar para alguns artistas e obras-chave da coleção de arte brasileira do MASP e propor o exercício de analisá-las a partir de duas questões, aparentemente contraditórias, a tragédia e a paródia. Ao discutir essas obras, pretende-se evidenciar dilemas próprios que marcaram a constituição desse mosaico incompleto a partir desses polos antitéticos: por um lado, a tônica constante de um processo histórico marcado por conflitos, violência e exclusão, por outro, a relação de espelhamento que a arte local estabelece com a arte de matriz europeia, muitas vezes traduzindo o movimento de comparação de forma paródica. 

O curso propõe pensar esse movimento pendular investigando, por um lado, obras que permitem compreender o peso trágico do processo histórico brasileiro e, por outro, os sinais invertidos, frequentemente mordazes, da relação entre o dado local e os modelos internacionais.
 

Planos de aulas

Aula 1 - 23.7.2020
Frans Post e o Brasil das plantations escravistas

Análise das obras de Frans Post pertencentes ao acervo, com debates sobre o contexto histórico das plantations de cana de açúcar no Nordeste e suas implicações para a construção de um imaginário sobre o território brasileiro, sua formação, assentada sobre o trabalho de indivíduos escravizados. 

Aula 2 - 30.7.2020
Aleijadinho e a “invisibilidade” da arte indígena

A partir da imagem de São Francisco de Paula, de Aleijadinho, será debatido o peso da cultura cristã na legitimação da conquista de novas terras, descobertas das minas e a exploração das riquezas. A sensibilidade cristã, presente na arte colonial, será colocada em contexto com a questão da dominação dos indígenas e a incorporação de sua produção artística na constituição da arte nacional.

Aula 3 - 6.8.2020
Moema, Pedro II e outros heróis e anti-heróis da Nação

A busca por constituir um imaginário sobre a arte nacional implica na criação de obras que tematizam a história do Brasil e seus personagens. Serão observadas obras do acervo do MASP como Moema (1866) e Dom Pedro II (1864), ambas de Victor Meirelles, debatendo sua figuração ora como heróis trágicos, ora anti-heróis, posicionados no limite dos preceitos dos gêneros artísticos. 

Aula 4 - 13.8.2020
Belmiro de Almeida e a paródia na arte brasileira entre os séculos 19 e 20

A arte do entresséculos 19 e 20 no Brasil tem frequentemente uma atitude paródica com relação a arte europeia e as próprias expectativas do público local. A partir da obra de Belmiro de Almeida, debate-se a desconstrução dos cânones da arte produzida nas Academias, procurando identificar as peculiaridades da modernidade brasileira. 

Aula 5 - 20.8.2020
Tarsila, artistas do Juquery e Maria Auxiliadora

A aula procurará pensar a produção artística da arte moderna brasileira levando em conta as problemáticas da violência de gênero, social e racial. 


Obras do acervo do MASP:

Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa)
São Francisco de Paula, 1760-80

Belmiro de Almeida
O poeta Alberto de Oliveira, sem data 

Desenhos do Juquery: Albino Braz, Pedro Cornas (o estudioso), J.Q., Claudinha D’Onofrio, Pedro dos Reis, Sebastião Faria, Antônio Donato de Souza, Marianinha Guimarães, Armando Natale, Augustinho, H. Novais

Frans Post
Paisagem com tamanduá, circa 1660
Paisagem com jiboia, circa 1660
Paisagem em Pernambuco com casa-grande, circa 1665
Paisagem pernambucana com rio, circa 1668

Johann Moritz Rugendas
Guerillas, sem data

Maria Auxiliadora da Silva
Umbanda, 1968
Capoeira, 1970
Velório da Noiva, 1974
Três Mulheres, 1972

Pedro Weingärtner
A desolada, sem data

Tarsila do Amaral 
Composição (Figura só), 1930 
Trabalhadores, 1938

Victor Meirelles
Dom Pedro II, 1864
Moema, 1866

Coordenação

Fernanda Pitta é curadora sênior na Pinacoteca de São Paulo e professora na Pós-Graduação em História da Arte na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. É doutora em história da arte pela Universidade de São Paulo (USP), com uma tese intitulada “Um povo pacato e bucólico? Costume e história na pintura de Almeida Júnior". Seus interesses de pesquisa focam a discussão de paradigmas de arte nacional e contextos transnacionais. Foi International Awardee do International Engagement Program da Association of Art Museum Curators (AAMC) e AAMC Foundation. Foi bolsista da Fapesp e do Clark Art Institute, pesquisadora visitante no KMD Bergen (Faculdade de Arte, Música e Design em Bergen, na Noruega). Em 2018, realizou a mostra Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929), com co-curadoria de Ana Cavalcanti e Laura Abreu, na Pinacoteca de São Paulo, e no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. 

Conferencistas