MASP

A ditadura pela perspectiva travesti

Horário
19h-21h
Duração do Módulo
ONLINE
27, 29.7 e 3, 5 e 10.8.2021
TERÇAS E QUINTAS
(5 aulas)
Investimento
Público geral
5x R$ 48
Amigo MASP
5x R$ 40,80
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Amara Moira
A partir dos anos 1960, por meio da prostituição, a presença travesti vai se fazendo cada vez mais marcante nas grandes cidades brasileiras. No começo da década seguinte, cirurgias de redesignação sexual começam a ser feitas no Brasil e os responsáveis por sua realização passam a ser perseguidos judicialmente. Os anos 1980 assistiram a publicação das primeiras autobiografias escritas por pessoas trans e travestis. Ponto comum que atravessa essas três décadas é a ditadura militar, em vigor de 1964 a 1985. Essa presença incontornável de pessoas trans e travestis motivará uma série de reações, seja por parte do Estado, seja por parte da mídia hegemônica ou da sociedade civil. O que são esses seres que passam a colocar em questão as noções consolidadas de homem e mulher, de masculino e feminino? Foi só a partir de então que pessoas trans e travestis passaram a existir ou é possível encontrar registros de sua existência desde datas bem remotas? De que maneira os nascentes movimentos homossexual e feminista, ambos protagonizados por pessoas cisgêneras, discutiam e lidavam com as narrativas trans e travestis? Existe diferença entre travesti e transexual, aliás? Eis algumas das questões que serão abordadas ao longo dos cinco encontros do presente curso.

IMPORTANTE
As aulas serão online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os alunos após a inscrição. 

Planos de aulas

Aula 1 – 27.7.2021
Por onde andavam as travestis antes da década de 1960?

Um mergulho na história disso que se convencionou chamar de Brasil, mostrando que identidades (hoje denominadas) trans ou travestis já estavam registradas por aqui desde os primórdios da invasão portuguesa.

Aula 2 – 29.7.2021
A prostituição como forma de viabilizar existências travestis

Após se popularizarem as intervenções corporais que transformaram radicalmente a noção de "travesti", a prostituição surge como forma de viabilizar tais existências. O Estado, no entanto, mobiliza suas forças para tentar impedir que o dinheiro obtido por meio desse trabalho permita que travestis ocupem cada vez mais espaços na sociedade.

Aula 3 – 3.8.2021
A transexualidade entra em cena

Na década de 1970 acontecem, no Brasil, as primeiras cirurgias de redesignação sexual e o Ministério Público do Estado de São Paulo entra com processo contra o cirurgião responsável condenando-o, em primeira instância, a dois anos de prisão por lesão corporal gravíssima.

Aula 4 – 5.8.2021
Tensões entre as identidades travesti e transexual

Nessa aula, serão discutidos os motivos por trás da criação da diferenciação entre travesti e transexual, assim como os efeitos dessa diferenciação para ambas as identidades. 

Aula 5 – 10.8.2021
Resistências às narrativas trans e travestis dentro dos movimentos homossexual e feminista

Nas décadas de 1970 e 1980, o movimento homossexual oscilava entre denunciar a violência brutal que vitimava travestis e tratar travestis e transexuais como identidades potencialmente nocivas à luta homossexual. Uma reserva similar em relação a travestis e transexuais podia ser percebida no discurso de figuras-chave do movimento feminista da época. E eis que, também nessa época, surgem os primeiros relatos autobiográficos de pessoas trans e travestis.

Coordenação

Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp (com tese sobre as indeterminações de sentido no Ulysses, de James Joyce) e autora do livro autobiográfico E se eu fosse puta (hoo editora, 2016), do capítulo "Destino amargo", presente em Vidas Trans – A coragem de existir (Astral Cultural, 2017), e da obra Neca + 20 Poemetos Travessos (O Sexo da Palavra, 2021), que reúne seu monólogo experimental em pajubá e sua produção poética sobre vivências travestis. Além disso, ela é professora de literatura no cursinho pré-vestibular Descomplica, colunista da Mídia Ninja e do BuzzFeed e autora de inúmeros artigos de crítica literária feminista e sobre a presença LGBTI+, sobretudo T, na literatura brasileira.

Conferencistas