MASP

Pérolas imperfeitas: as relações entre o barroco e o modernismo no Brasil

Horário
15h-17h
Duração do Módulo
(8 aulas)
Investimento

5x R$ 208,00*
Amigo MASP
5x R$ 187,20*
* O parcelamento em 5x só pode ser feito no cartão de crédito.

Coordenação

André Luiz Tavares Pereira

Especialistas Convidados
Angela Brandão
Silvana Rubino

O curso terá duas palestras de pesquisadoras convidadas a apresentar dois temas associados à chave analítica da articulação barroco-moderno, abordando tanto a contribuição de Tarsila do Amaral quanto a de Lina Bo Bardi a esse processo. Debateremos o uso da expressão barroco em seu sentido histórico e nas acepções com que tem sido utilizada no ambiente estabelecido pela crítica nacional. 

Abordaremos o papel de destaque de agentes centrais na organização do debate moderno no Brasil, como Mário de Andrade e Lúcio Costa, igualmente relevantes no estabelecimento de um sistema de proteção para o patrimônio artístico brasileiro e para a sua revalorização ao longo do século 20. Em consonância com as exposições realizadas pelo MASP em 2019, procuraremos revalorizar ou destacar a contribuição de historiadoras da arte brasileiras e estrangeiras que iluminaram a discussão sobre o barroco em seus mais variados recortes temáticos.

Planos de aulas

Aula 1 – 17.4.2019
Introdução à produção artística dos séculos 16 ao 19, o estatuto colonial e as particularidades regionais no desenvolvimento das artes no território brasileiro. O século 20 e a redescoberta das artes da colônia. Uma breve análise da historiografia das artes do barroco e seus usos no Brasil.

Aula 2 - 24.4.2019
Um arquipélago barroco. As diversas práticas artísticas do século 18 e suas características como linguagem. Talha, pintura, escultura e arquitetura e seus processos constitutivos. Memórias dos artistas e artífices dos séculos 16 ao 18.
  
Aula 3 - 8.5.2019
A ponte moderna. A reinvenção do barroco pelo século 20 e sua eleição como arte identitária. A comparação com outros contextos latino-americanos e a especificidade da ponte barroco-moderno no Brasil. Produção artística moderna em diálogo com a arte barroca. 
  
Aula 4 - 15.5.2019
Uma invenção do barroco pelo olhar de Tarsila do Amaral. Conferência com Angela Brandão. 
Em 1924, um grupo composto por representantes do chamado "modernismo brasileiro" se deslocou para as cidades históricas de Minas Gerais à procura de elementos que definissem as raízes culturais e artísticas nacionais. A pintora Tarsila do Amaral participou dessa expedição que ficaria conhecida como "a viagem de redescoberta do Brasil". Levava consigo grafite e papel, e realizou, nesse ínterim, uma série de desenhos que seriam considerados objetos autônomos, em certa medida, e que seriam também a base para obras posteriores em pintura. Esta palestra propõe refletir, a partir dos desenhos e escritos de Tarsila, sua forma de olhar as cidades coloniais, assim como as referências visuais, poéticas e históricas que permitiram à artista enxergar o passado barroco como um mundo em dissolução. 
 
Aula 5 - 22.5.2019
Arquitetura moderna e arquitetura barroca. Do neocolonial ao modernismo, de que modo os arquitetos olharam para a herança colonial e a reinventaram em novos projetos? A Pampulha como projeto moderno/barroco. Niemeyer, um arquiteto barroco? Lúcio Costa e sua visão sobre a arquitetura brasileira à luz da experiência construtiva colonial. Lúcio Costa e Portugal: em busca das fontes portuguesas da arquitetura brasileira.
 
Aula 6 - 29.5.2019
A escrita da história do barroco no Brasil, um território de afirmação feminino/feminista. Autoras que nos auxiliaram a compreender as artes do barroco e seu papel na constituição de uma historiografia brasileira sobre o tema. De Hannah Levy a Myriam Ribeiro, Ana Maria Monteiro de Carvalho e a constituição de um campo de investigação marcado pela presença da mulher.
 
Aula 7 - 5.6.2019
A atuação de Lina Bo Bardi em Salvador (BA) e os debates políticos e patrimoniais decorrentes. Conferência com Silvana Rubino.
 
As reformas urbanas empreendidas em Salvador no período da redemocratização do país tiveram como ponto alto o projeto da avenida do Contorno. A via criou visibilidade para um imóvel setecentista já tombado pelo Iphan, o Solar do Unhão. No final dos anos 1950, Lina Bo Bardi, então diretora do Museu de Arte Moderna (MAM) da Bahia, reivindicou o local para nele instalar um museu-escola de artesanato. Para tal, empreendeu um restauro que gerou polêmica. O Museu de Arte Popular do Solar do Unhão foi inaugurado com uma provocativa exposição: Nordeste.
 
Nesta aula, pretendemos abordar os debates políticos e patrimoniais, assim como museológicos e relativos à cultura popular emblematizados por esta ação, assim como o papel de Lina, mulher estrangeira, nesse momento da vida cultural baiana.
 
Aula 8 - 12.6.2019
Recapitulação dos principais pontos discutidos ao longo do curso. O tema da ponte entre os tempos artísticos no Brasil, as mulheres e a produção artística em estudo: avanços na discussão e estratégias possíveis. Visita ao acervo exposto na ocasião em consonância com a temática abordada no curso.

Coordenação

André Luiz Tavares Pereira é mestre e doutor em História pela Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp, 2000 e 2006), onde também fez doutorado em Artes (IA-Unicamp, 2009). É ainda pós-doutor pela FAU-USP. Atualmente, é professor do curso de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do programa de pós-graduação em História da Arte da mesma instituição. Já atuou também na pós-graduação em Artes Visuais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e da Universidade Cruzeiro do Sul. Hoje bolsista do Centro Zurbarán da Universidade de Durham (2019), Inglaterra, foi, igualmente, pesquisador visitante no Getty Research Institute (2011), no Yale Center for British Art (2016) e na Universidad Complutense de Madrid (2010).

Conferencistas

Angela Brandão é mestre em História da Arte e da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutora em História da Arte - Historiografia, Metodologia e Conservação de Patrimônio pela Universidade de Granada, Espanha, onde defendeu a tese La Invención del Barroco por el Modernismo Brasileño: las propuestas de Tarsila do Amaral y Mário de Andrade. Atualmente, é professora  do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do Comitê Brasileiro de História da Arte. 

Silvana Rubino é livre-docente do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde concluiu mestrado em Antropologia Social, em 1992, e doutorado em Ciências Sociais, em 2002. É docente em tempo integral do Departamento de História da instituição desde 2003, onde dá aulas na graduação e pós-graduação, e também no curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo. Foi coordenadora da pós-graduação em História entre março de 2006 e julho de 2008, chefe do Departamento de História entre dezembro de 2008 e novembro de 2011, coordenadora-associada de graduação em História entre dezembro de 2011 e novembro de 2012 e reconduzida à coordenação da pós-graduação para o biênio 2013-2015. Realizou estágio pós-doutoral na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, sob a supervisão de Afrânio Garcia, e também na área de História, na mesma instituição, sob a supervisão de Monica Raisa Schpun.