MASP

Saberes afro-brasileiros e indígenas na escola

Horário
19H–21H
Duração do Módulo
ONLINE
18–22.7.2022
SEGUNDA A SEXTA
5 AULAS
Investimento
PÚBLICO GERAL
5X R$ 96
AMIGO MASP
5X R$ 81,60
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Clarissa Suzuki
Especialistas Convidados
Fátima Santana
Marina Basques Masella
Dasu Huni Kuin
Márcia Mura
Milene Valentir

A proposta central dos encontros orienta-se pela práxis-reflexiva, ou seja, buscará o compartilhamento dos saberes daqueles que exercitam práticas de resistência contra as violências coloniais, já que o objetivo é a valorização de outros pensares e fazeres para além daqueles já consagrados pela história moderna/ocidental e as instituições formais de arte, educação e cultura. 

O objetivo do curso é construir coletivamente reflexões sobre os saberes afro-brasileiros e indígenas no chão da escola, conhecendo e partilhando estratégias pedagógicas no combate a práticas de racismo, preconceito e discriminação, sobretudo ampliando proposições metodológicas que auxiliem na prática pedagógica voltada para uma educação decolonial e antirracista. 

Durante os encontros, haverá trocas e reflexões sobre as práticas educativas/artísticas que integram as epistemologias afro-brasileiras e indígenas em diálogo com as teorias que problematizam outros pensares e fazeres na educação. Por este motivo, os encontros contemplarão o diálogo com professoras e gestoras de distintas regiões do país, que realizam ações transformadoras no contexto de escolas públicas com projetos político pedagógicos antirracistas e amparadas por políticas públicas como as Leis 10.639/03 e 11.645/08.


IMPORTANTE
As aulas serão ministradas online por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. O curso é gravado e ficará disponível aos alunos durante cinco dias. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.

Planos de aulas

Aula 1 – 18.7.2022
Pode a infância negra ser feliz? – Experiências da CMEI Dr. Djalma Ramos
Com Fátima Santana e Clarissa Suzuki
Diálogo com Fátima Santana, coordenadora pedagógica da CMEI Dr. Djalma Ramos localizado no município de Lauro de Freitas/BA, escola ganhadora de diversos prêmios no Brasil em decorrência do seu projeto pedagógico antirracista. Neste encontro, será compartilhado o projeto de etnopesquisa-ação Por uma Infância Escrevivente: práticas de educação antirracista realizado em parceria com o CEERT, que, enraizado no chão da escola e na experiencia pedagógica de mulheres negras e crianças do CMEI, evidenciou percursos formativos construídos de modo coletivo, colaborativo e irmanado.

Aula 2 – 19.7.2022
Pisando de pés descalços em território brasileiro: no chão da EMEI Nelson Mandela
Com Marina Marsella e Clarissa Suzuki

Diálogo com Marina Basques Marsella, professora da EMEI Nelson Mandela localizada na Zona Norte da cidade de São Paulo. Escola que, desde 2011, constrói o seu Projeto Político Pedagógico orientado pelas leis 10.639/03 e 11.645/08. Nesta conversa, será apresentado o PPP e o projeto didático da escola, que no ano de 2022 está se aprofundando nos estudos, saberes e vivências com os povos originários brasileiros. Há anos a EMEI vem realizando um projeto de educação pública antirracista aliado aos saberes das culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas na Educação Infantil, valorizando princípios como coletividade, comunitarismo e ancestralidade. 

Aula 3 – 20.7.2022 
A arte e a educação no fortalecimento da identidade indígena
Com Dasu Huni Kuin e Clarissa Suzuki

Diálogo com o educador Dasu Huni Kuin, que compartilhará, além das suas experiências como docente, a sua pesquisa de mestrado que abordou a arte no fortalecimento da identidade do povo Huni Kuin, principalmente no seu território indígena, na Aldeia Kaxinawá de Nova Olinda no Acre. A questão central do encontro abordará de que forma a arte e a educação contribuíram para o seu povo resgatar, reconstruir ou fortalecer a própria identidade, já que durante muito tempo eles foram proibidos de praticarem a sua cultura de modo geral, nas pinturas, rituais, músicas, vestimentas e o próprio idioma. Após o retorno da convivência em aldeia, veio o desafio para retornar às práticas culturais perdidas na época em que trabalhavam para os seringalistas. 

Aula 4 – 21.7.2022
Pedagogia da Afirmação Indígena
Com Márcia Mura e Clarissa Suzuki

Diálogo com Márcia Mura do Paranã Madeira, educadora e escritora indígena, integrante do Coletivo Mura e das organizações de mulheres da Pindorama e Abya Yala. Neste encontro, Márcia Mura compartilhará as suas experiências e resistências no chão da escola pública e em seu território indígena a partir da Pedagogia da Afirmação Indígena, que consiste em trabalhar na formação dos estudantes os saberes locais de origem indígena, as memórias, ouvindo as histórias dos mais velhos, aprendendo e levando para a sala de aula os conhecimentos de cantos, danças, alimentação, medicinas, a nomeação das coisas e todos os saberes ancestrais da localidade, que passam de geração em geração por meio da tradição oral. 

Aula 5 – 22.7.2022 
Desafios decoloniais na implementação de um currículo municipal 
Com Milene Valentir e Clarissa Suzuki

Diálogo com Milene Valentir, professora de Arte e formadora no CECAPE (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação Zilda Arns) da Secretaria Municipal de São Caetano do Sul/SP. Neste encontro, conversaremos sobre a implementação do currículo de São Caetano do Sul, que disparou um movimento organizado relacionado às ações antirracistas na educação entendido como uma atuação de política pública. A escrita do currículo da cidade foi processual, a partir de uma trajetória de escuta e de escrita coletiva junto aos educadores da rede, que apontaram para os saberes e fazeres do território, para os princípios da diversidade, das questões étnico-raciais, no sentido de uma educação integral, equitativa e inclusiva. Foram criadas diversas ações, grupos de trabalho, eventos internos e também integrados com todo o ABCDMR Paulista, amparados pelas leis 10.639/03 e 11.645/08, no sentido da implementação das mesmas e da necessária transformação das ações educativas em diálogo com a comunidade, bem como as cidades vizinhas.  
 

Coordenação

Clarissa Suzuki é ativista, professora e pesquisadora. Doutora e Mestra em Artes pela USP, com pesquisa voltada para as colonialidades e as epistemologias afro-brasileiras e indígenas na educação antirracista das artes. Foi professora de arte da rede de ensino municipal, estadual e privada de São Paulo e Coordenadora de Projetos do Instituto Arte na Escola e de inúmeros cursos de formação de professores em todo o país. Docente há 22 anos, atualmente é professora na Educação Básica e no Ensino Superior. Desde 2010 é pesquisadora do Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação (CAP/ECA/USP).

Conferencistas

Fátima Santana é Mestra em Ensino das Relações Étnico-Raciais (UFSB), possui graduação em Pedagogia e em História (UNEB). É especialista em Educação, Pobreza e Desigualdade Social (UFBA). Atualmente é Coordenadora Pedagógica do CMEI Dr. Djalma Ramos (BA) e coordena o projeto de pesquisa Por uma infância escrevivente: práticas de uma eduçação antirracista (CEERT). Foi ganhadora do Prêmio Arte na Escola Cidadã (2015) no segmento Educação Infantil. Participa do grupo de pesquisa Lêtera Negra e da Rede de Etnoeducadores (UNIRIO).

Marina Basques Masella é pedagoga formada pela USP e especialista em práticas inclusivas na educação e gestão das diferenças pelo Instituto Singularidades. Atua como professora de Educação Infantil há 6 anos e na EMEI Nelson Mandela (SP) desde 2017. Ao lado das demais educadoras dessa unidade escolar constrói um projeto político pedagógico antirracista e alinhado aos saberes das culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas na Educação Infantil.

Dasu Huni Kuin é pedagogo, Mestre em Artes Cênicas pela UFAC com pesquisa voltada para o fortalecimento da identidade do povo Huni Kuin através da arte. Vive na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda localizada no Alto Rio Envira, afluente do Rio Tarauacá, na Bacia do Rio Juruá, município de Feijó, Acre. Há 8 anos exerce a docência.

Márcia Mura é contadora de histórias e escritora, autora do livro O espaço lembrado: Experiência de vida em seringais da Amazônia (Edua, 2012). Recebeu o prêmio de intercâmbio cultural do Ministério da Cultura em 2010. Escritora indígena coordenadora do Coletivo Mura, formada em História pela UFRO, tem Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela UFAM e Doutorado em História Social pela USP, na qual é pesquisadora do Núcleo de Estudos em História Oral. Faz parte do Instituto Madeira Vivo e do Movimento das Wayrakunas do Brasil, bem como da Associação das Mulheres Guerreiras de Rondônia-AGIR.

Milene Valentir é Arte educadora, atua como professora na rede municipal de São Caetano do Sul desde 2010 e desde 2017 integra o grupo de Formadores do CECAPE (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação Zilda Arns). Integra dois coletivos de arte e intervenção urbana, O Coletivo Mapa Xilogŕafico desde 2006 e o Bloco Fluvial do Peixe Seco, desde 2013. Tem graduação em Filosofia e Educação Artística e Mestrado em Arte Educação pelo Instituto de Artes da UNESP.