MASP

Violência sexual e literatura

Horário
19H-21H
Duração do Módulo
ONLINE
19, 26.6 e 3, 10, 17.7.2020
SEXTAS
(5 aulas)
Investimento
Público geral
5x R$ 48,00
Amigo MASP
5x R$ 40,80
*valores parcelados no cartão de crédito
Professores
Amara Moira
Em que medida os encontros sexuais retratados em tantas obras da literatura de língua portuguesa poderiam ser entendidos como relações de violência? O que dizer da nossa poesia dita "erótica" ou "obscena"? Talvez seja mais fácil reconhecer estupro em textos de Jorge Amado, Nelson Rodrigues ou Rubem Fonseca, autores que revelam especial predileção por retratar esse tipo de cena, mas ainda assim nos restaria pensar nos sentidos que essas passagens assumem dentro de um contexto mais amplo de cada obra e da cultura em que se inserem.

Questões como classe, raça e gênero levantadas nesses textos serão analisadas a partir dos debates feminista e anti-racista sobre sexo e sexualidade. Por meio da discussão de passagens literárias e teóricas emblemáticas, o curso pretende trabalhar a sensibilidade em narrativas de sexo e estupro, assim como pensar como seriam as representações de erotismo capazes de confrontar a misoginia e o racismo que nos permeiam. Tendo em vista os números alarmantes de violência sexual no Brasil, como se comporta a nossa literatura ao retratar o sexo?

Planos de aulas

Aula 1 – 19.6.2020
Representações do consentimento: quando a literatura se faz lei

Partindo de uma conhecida passagem de Os Lusíadas, A Ilha dos Amores, a aula irá analisar as considerações críticas que lhe têm sido dedicadas e o impacto dessa passagem na maneira como o estupro vem sendo compreendido juridicamente. Junto à isso, se discutirá a maneira como historicamente o feminismo foi construindo o debate sobre violência sexual.

Aula 2 – 26.6.2020
Como se narra uma cena de violação sexual?

Serão discutidas as obras nas quais claramente o estupro é tematizado, com atenção especial para produções de Rubem Fonseca, Jorge Amado e Nelson Rodrigues. A proposta será pensar a maneira como essas narrativas se constroem e as implicações de sentido pelos caminhos escolhidos.

Aula 3 – 3.7.2020
A violação como erotismo e brincadeira

O que há de comum entre Macunaíma, o herói da nossa gente, e boa parte dos nossos poemas referidos como "eróticos", "obscenos" ou "pornográficos"? Nesse momento do curso será discutida a erotização da violência de gênero na representação literária da sexualidade.

Aula 4 – 10.7.2020
Racialização dos corpos e o gênero de quem escreve

Como se comportam as narrativas ao envolver corpos brancos, negros e indígenas? Essa é a pergunta que orientará a quarta aula. Aqui, será considerada também a maneira como a representação dessa violência se dá quando escrita por mulheres.

Aula 5 – 17.7.2020
O estupro em autobiografias

A aula irá abordar o papel do estupro e do sexo nas narrativas de memórias, sobretudo nas de pessoas trans e prostitutas. O que é o estupro para quem faz do sexo um trabalho? O que é o estupro para quem tem seu corpo entendido como "feito para o sexo"?

Coordenação

Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp, com tese sobre as indeterminações de sentido no Ulysses de James Joyce, autora do livro autobiográfico E se eu fosse puta (hoo editora, 2016) e do capítulo "Destino Amargo" no livro Vidas trans – A coragem de existir (Astral Cultural, 2017). Além disso, Amara publica artigos de crítica literária feminista e sobre a presença trans na literatura.

Conferencistas