MASP

Francesco Zugno

A continência de Cipião, Circa 1750

  • Autor:
    Francesco Zugno
  • Dados biográficos:
    Veneza, Itália, 1709-Veneza, Itália, 1787
  • Título:
    A continência de Cipião
  • Data da obra:
    Circa 1750
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    42 x 33 x 2 cm
  • Aquisição:
    Doação Lanifício Fileppo, 1947
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00038
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



A cena da tela A Continência de Cipião representa um episódio legendário da vida do grande artífice da supremacia romana no Mediterrâneo, Públio Cornélio Cipião, chamado Cipião, o Africano, cônsul em 205 e em 194 a.C. e conquistador da Espanha, da África e da Ásia Menor. Vencedor do até então invicto exército de Aníbal na batalha de Zama (202 a.C.), que decidiu a sorte das guerras contra Cartago, Cipião escolheu, contra a posição senatorial, a África como teatro fundamental das operações militares, daí seu epíteto. Declaradamente filo-helênico, suscitou com freqüência, pela precocidade de seu gênio militar, por seu prestígio e poder sem equivalente em Roma, mesmo em relação a Pompeu e César, o paralelo histórico com Alexandre, paralelo de resto habilmente cultuado por ele e que se reflete inclusive em feitos de estóica virtude, como a aqui representada. O episódio foi transmitido nas fontes por Tito Lívio e sobretudo pelos Fatos e Ditos Memoráveis de Valério Máximo, compilação de cunho filosófico-moral para uso dos reitores (após 31 d.C.), que obteve grande posteridade: cabia a Cipião, como parte do botim da conquista de Cartago, uma jovem já comprometida, a quem ele renuncia, devolvendo-a a seu prometido. O tema teve grande fortuna desde o século XV e já aparece em Veneza a partir de encomendas feitas a Mantegna e a Bellini pela família Cornaro, que reivindicava a descendência da gens Cornelia. Mas, de modo geral, o tema de Cipião vincula-se ao ideário de valores neo-estóicos, que goza de grande favor na história da cultura e na iconografia européias desde a segunda metade do século XVI até o tardio século XVIII. Zugno, como Tiepolo, freqüentou o tema provavelmente mais de uma vez, e no que se refere a Giambattista, nos bem conhecidos afrescos do Palácio Dugnani, em Milão, assim como na tela hoje no Museu Nacional de Estocolmo, em relação à qual nossa obra mantém uma indubitável liberdade de invenção. No que tange a Zugno, não se conhecem outras versões do tema, mas a obra do Masp deve ser considerada, por suas medidas e fatura extremamente solta, um esboço, um bozzetto ou modello, para uma tela de grandes dimensões, provavelmente parte de um ciclo decorativo maior. Quando ainda estava na coleção do príncipe de Hessen, em Roma, a obra foi exposta em Veneza em 1929, na grande Mostra Il Settecento Veneziano (p. 61, n. 14, fig. 36), com o título Episódio da História de Cipião. Trazia ainda uma atribuição ao próprio Tiepolo, apoiada em uma expertise de A. Venturi, de 1925, atribuição mantida no museu até o pequeno catálogo antológico de 1963, mas alterada corretamente em favor de Zugno desde o catálogo sumário de 1982.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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