Rodin foi o primeiro escultor a testar as novidades que marcam a passagem entre escultura acadêmica e moderna, como: a abolição dos pedestais; a preferência por formas sugestivas, sem exata definição dos detalhes; a
mescla entre áreas acabadas e brutas, visando obter nas superfícies efeitos de luz próximos aos da pintura impressionista. Após sua primeira viagem de estudos à Itália, em 1876, expôs a escultura
L’Âge d’airain [A idade do bronze], que gerou um intenso debate nos jornais: pelo inédito e impressionante realismo da obra, o artista foi acusado de ter usado moldes retirados diretamente do corpo de um modelo-vivo. Em 1880, Rodin idealizou o
conjunto de esculturas da Porta do inferno, inspirado pela
Divina comédiade Dante Alighieri (1265-1321). A meditação(após 1897) deriva de uma figura criada para integrar o acabamento superior de tal obra. Foi sucessivamente reutilizada para o sepulcro do poeta Victor Hugo (1802-1885) e reelaborada em formato maior com o título de
A voz interior. A peça do MASP é parte de uma série de doze réplicas em bronze realizada pela Fundição Alexis Rudier. A outra escultura, A eterna primavera, já foi chamada de Zéfiro (deus do vento oeste na mitologia grega) e de Cupido e Psiquê. Em razão do grande sucesso, a obra foi replicada em mármore e em bronze. Em 1898, Rodin vendeu as maquetes e os direitos de
reprodução desta escultura à Fundição Ferdinand Barbedienne.
Por Luciano Migliaccio
A obra foi realizada em 1885, originalmente com o título Zéfiro, e ao ser exposta no Salonde 1897 Rodin mudou o título para Cupido e Psiquê. Em razão do grande sucesso, a obra foi reproduzida em mármore (Metropolitan Museum de Nova York) e posteriormente em bronze por Barbédienne, em cinqüenta exemplares entre 1898 e 1919. Aparentemente, a peça do Masp,
A Eterna Primavera, não pertence a este grupo. Tanto a cópia em mármore quanto as versões em bronze diferem do original do Musée Rodin, no qual a perna e o braço da figura masculina estão apoiados numa extensão da rocha que forma a
base.