Após uma missão fracassada que poderia ter marcado o fim de sua carreira militar, Winston Churchill (1874-1965) adotou a pintura como um passatempo para aliviar o estresse de sua carreira militar-política. Em Pintura como Passatempo (1948), ele credita à prática o afinamento de sua percepção visual e memória. Após servir como Primeiro Lorde do Almirantado na Primeira Guerra Mundial, Churchill passou parte do período entre Guerras “desocupado”, viajando e discursando por diversos países. Entretanto, com a ascensão do governo nazista na Alemanha em 1933, a principal preocupação de Churchill se tornou o crescente sentimento militarista da população alemã. O político passou então a alertar o governo britânico sobre a iminente ameaça do nazismo, prevendo que Hitler invadiria a Polônia e iniciaria a sua perseguição contra os judeus. Em novembro de 1934, Churchill proferiu o famoso discurso A ameaça da Alemanha nazista nas rádios britânicas, sendo a primeira vez que seus avisos foram ouvidos por uma grande audiência. Naquele mesmo ano, ele realizou Blue Room, Trent Park (1934), que se distinguia de grande parte de suas pinturas, em geral paisagens realizadas ao ar livre. Nesta tela Churchill retratou um canto da mansão de Trent Park em Londres, local que serviu de base para operações da Inteligência Britânica durante a Segunda Guerra Mundial. A suposta tranquilidade evocada por essa cena de interior aparece como uma possível distração diante das urgências que viriam a ocupar a vida do político, que seria o primeiro ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial.
— Equipe curatorial MASP, 2020
No leilão de obras de Churchill, Chateaubriand e outros colecionadores brasileiros adquiriram duas obras. Uma – A Sala Azul de Trent Park – Blue Room, Trent Park, 1934 – foi doada ao Masp, a outra, uma paisagem, ao MAM da Pampulha, em Belo Horizonte.
— Autoria desconhecida, 1998