A cultura Huari floresceu na porção sul da serra andina, na região de Ayacucho, no Peru, tendo influenciado populações de um vastíssimo território, principalmente entre os anos 600 e 900. Em Nasca — cultura que reúne
a produção material das populações que ocuparam o vale do rio Grande de Nasca, aproximadamente entre os anos 100 a.C. e 700 — a influência Huari pode ser observada em variados artefatos e, especialmente, nos tecidos.
A introdução de técnicas e motivos Huari nos tecidos da costa caracterizou-se pela profusão no uso de fibras de lhamas ou alpacas (animais do ambiente serrano), tingidas de vermelho e azul brilhante. O padrão das
túnicas conhecidas como
unku, no idioma quíchua, ou qhawa, em aimará, também parece ter sido uma influência Huari em Nasca. Este exemplar traz o estilo transicional, característico do contato entre as populações serranas e costeiras. Nela, foi utilizada a técnica de
tingimento
tie-dye, em blocos confeccionados separadamente e posteriormente costurados um ao outro. Observa-se que as partes escalonadas que compõem a peça, a partir das quais formam-se motivos em cruz, apresentam quebra de
alinhamento. Possivelmente a túnica foi construída a partir de partes de peças originais distintas. Provavelmente com o uso do tear de cintura, a(s) tecelã(s) produziram cada bloco criando uma urdidura (base de fios
longitudinais fixados, paralelamente, na parte superior do tear), a partir da qual teceu-se em trama simples — um único fio que se entrelaça perpendicularmente à urdidura, em zigue-zague, formando o tecido.