MASP

Antonio Henrique Amaral

Campo de batalha 32, 1974

  • Autor:
    Antonio Henrique Amaral
  • Dados biográficos:
    São Paulo, Brasil, 1935-São Paulo, Brasil ,2015
  • Título:
    Campo de batalha 32
  • Data da obra:
    1974
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    79 x 240 cm
  • Aquisição:
    Comodato MASP B3 – BRASIL, BOLSA, BALCÃO, em homenagem aos ex-conselheiros da BM&F e BOVESPA
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    C.01199
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



A partir de meados da década de 1960, depois de uma temporada estudando gravura em Nova York, Antonio Henrique Amaral (1935-2015) passou a incorporar elementos da cultura de massa brasileira em sua produção. Desse período, destacam-se as séries de pinturas em torno da representação de bananas — compostas muitas vezes com garfos, pratos, cordas, bandeiras —, realizadas entre 1968 e 1975. A banana pode se referir à condição do Brasil como exportador de produtos de baixo valor agregado — a tal república das bananas—ou à própria ideia de banalidade (do mal ou da violência). Ao mesmo tempo, Amaral retoma o tema modernista da representação de símbolos nacionais por meio de procedimentos da arte pop, menos pela repetição de um ícone cultural — a banana —, e mais no sentido de amarrá-la, cortá-la, enforcá-la, confiná-la e apodrecê-la. Em seu hiper-realismo quase fantástico, partindo de enquadramentos fotográficos, a obra de Amaral está repleta de ironia e crítica ao autoritarismo vigente no Brasil naquele período. A série Campo de batalha (1973-1974), realizada em um dos momentos mais violentos da ditadura militar brasileira, decorre da pesquisa com as bananas, agora contrapostas aos ferros da repressão. Aqui tudo ocorre em primeiro plano, como closes de terror. Pintadas no período em que Amaral estava exilado nos Estados Unidos, essas telas exibem a banana, que também pode ser interpretada como metáfora do corpo humano, de forma desgastada, surrada, repleta de hematomas. Além do amarelo, o pintor introduz cinzas e pretos. Campo de batalha 32 (1974), a penúltima obra desta série, é uma pintura em grande dimensão que mostra o detalhe ampliado de um garfo mergulhando num amálgama de bananas apodrecidas. Nesta tela, os dentes dos garfos sugerem também as grades de uma prisão.

— Guilherme Giufrida, assistente curatorial, MASP, 2018

Fonte: Adriano Pedrosa, Guilherme Giufrida, Olivia Ardui (orgs.), Da Bolsa ao Museu – comodato MASP B3: arte no Brasil, séculos 19 e 20, São Paulo: MASP, 2018.



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