Em 2018 o núcleo Ritos e ritmosreuniu representações de carnaval de diferentes tempos e territórios em Histórias afro-atlânticas, uma das mais icônicas mostras do MASP. Uma das primeiras representações é do viajante francês Jean-Baptiste Debret: a aquarela Carnavalmostra como a prática ocorria nas ruas: as faces dos negros pintadas de branco, o arremesso de limões. É notável a participação dos escravizados, os personagens descalços na imagem. A festa aparece também na obra de
Emiliano Di Cavalcanti, um modernista preocupado com a construção de emblemas da identidade brasileira, popular e de rua.
Carnavalé típica de sua fase mais tardia, com pinceladas e traços soltos, conferindo vivacidade à cena. Uma outra figura central nas histórias das relações entre pintura e ritmos musicais afro-atlânticos é Heitor dos
Prazeres, um dos pioneiros do samba carioca. Na pintura
Sem título, dançarinos e músicos, portando o tradicional chapéu branco, se engajam num samba de rua. Potente e contagiante, o carnaval se espalhou pelas costas do Atlântico Negro, ganhou múltiplas formas e compuseram formas de
comunicação privilegiadas entre afrodescendentes que cruzaram as fronteiras criadas pela colonização europeia. No Haiti, Sénèque Obin em
Carnavalpinta uma multidão de personagens fantasiados e com máscaras ocupando as ruas de um vilarejo. O artista afro-americano Ellis Wilson, que esteve no Haiti em 1952, elabora
Carnival. Em Cuba, a obra Sua Figura de Carnavalde René Portocarrero mostra adereços múltiplos.