MASP

Frans Van Maelsaeck (Manufatura de)

Cipião salva o pai na batalha de Ticino, 1629

  • Autor:
    Frans Van Maelsaeck (Manufatura de)
  • Dados biográficos:
  • Título:
    Cipião salva o pai na batalha de Ticino
  • Data da obra:
    1629
  • Técnica:
    Arrás de lã e seda alta liça
  • Dimensões:
    330 x 410 cm
  • Aquisição:
    Doação Elijas Gliksmanis, 1966
  • Designação:
    Tapeçaria
  • Número de inventário:
    MASP.00566
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS


Por Luciano Migliaccio
O escudo com as duas letras B (iniciais de Bruxelas e de Brabante) é a marca da cidade de Bruxelas. O monograma é a marca de Frans van Maelsaeck, cujo nome é inscrito, de forma completa, na orla da tapeçaria. A repetição da assinatura e a presença do nome escrito por completo faz supor que a obra tivesse um valor particular para o artista. Raras peças são conhecidas da mão deste mestre. Duas tapeçarias com Histórias de Cipião encontram-se no acervo do Musée Royal d’Art et d’Histoire de Bruxelas. O primeiro representa o encontro entre o capitão dos romanos e Aníbal antes da batalha de Zama, e o segundo, a batalha de Zama. As duas peças foram publicadas por Crick-Kunziger (1953, pp. 13-16). L. Wuyts, do museu de Bruxelas, em uma carta existente na documentação do museu, diz que as peças da capital belga, a do Masp – Cipião Salva o Pai na Batalha do Ticino – e uma quarta publicada em 1923 por H. Göbel (pp. 367-368), então em posse da firma J. Klausner e Sohn de Berlim, formariam um conjunto único, representando a história de Cipião. Por isso, o estudioso belga interpreta a cena da tapeçaria paulista como sendo Cipião salvando o pai na batalha do Ticino. De fato, sabemos a partir dos documentos que Maelsaeck realizou duas séries de oito elementos com este tema em 1629. As margens apresentam quatro figuras humanas com cornucópias que podem ser identificadas, com base em seus atributos, como sendo Vênus, Júpiter, Baco e Flora. Nas margem há também quatro cartouches representando animais, talvez inspirados nas fábulas de Esopo: O Lobo e o Cordeiro, A Cobra e o Porco-Espinho, O Leão e a Raposa e A Raposa e a Águia. Giulio Romano, inspirado no conjunto desenhado por Rafael para o papa Leão X, desenhou uma série de tapetes com a vida de Cipião, realizados por artistas de Bruxelas. Desde 1618, Rubens pretende restituir aos tecidos de Bruxelas sua antiga singeleza, ressaltando, no primeiro plano, poucas figuras de grandes dimensões, deixando muito espaço para o céu e a paisagem. Rubens atenuou também a variedade da decoração das bordas, preferindo poucas figuras e elementos de arquitetura que ressaltassem com sabedoria a estrutura da composição. Não se conhece o autor dos desenhos das tapeçarias de Frans van Maelsaeck. Poderia ser um pintor próximo a Justus Verus van Egmont, original intérprete da maneira de Rubens, que soube refletir a monumentalidade do mestre em soluções brilhantes e agradavelmente espetaculares.

— Luciano Migliaccio, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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