Por Eugênia Gorini Esmeraldo
Dona Tereza Cristina Maria de Bourbón nasceu em Nápoles, Itália, em 1822, e casou-se com o imperador do Brasil, Dom Pedro II, em maio de 1843, por procuração, em sua cidade natal. Só chegaria ao Rio de Janeiro em 3 de setembro daquele ano. O casal teve quatro filhos. Após a proclamação da República em 1889, a família imperial seguiu em banimento para Portugal, onde a imperatriz morreu na cidade do Porto, no mesmo ano. No retrato Dona Tereza Cristina, feito quando já tinha 42 anos, ela é vista de corpo inteiro, com vestido de gala de cetim branco, de corpo justo e saia ampla, bordado com fios ouro na barra e motivos vegetais, manto verde também rebordado, coroa, colar e pulseiras. O excesso de ornamentos aliado ao cabelo em cachos, o rosto arredondado, de expressão séria, e a ênfase na roda do vestido conferem um certo peso à figura da soberana, que tem a mão direita sobre uma mesa. Toda luz dirige-se para a imperatriz, mantendo na obscuridade o aposento austero com uma pesada cortina franjada e móveis dourados, revestido por um tapete florido.
— Eugênia Gorini Esmeraldo, 1998
Por Bruno Miranda Braga
A obra de Victor Meirelles é parte da tradição acadêmica brasileira, formada por aspectos neoclássicos, românticos e realistas. Entre 1862-90, o artista se consagrou como um dos principais expoentes da pintura brasileira, na chamada “fase da plenitude”. Muitas das telas produzidas durante o período imperial representam a “terra brasilis” e apresentam as particularidades locais, sendo a pintura uma expressão dos valores e das mentalidades do período. Em Dona Teresa Cristina, o artista retrata Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, esposa do imperador D. Pedro II e imperatriz consorte do Império do Brasil de 1843 até a Proclamação da República, em 1889. Trata-se de uma monarca com um traje branco de gala com bordados de ouro e o tradicional manto verde da Casa dos Braganças. Sua expressão é rígida, mas, ao mesmo tempo transmite seriedade e certa leveza. A mão direita está repousada sobre uma mesinha com um leque. Destaca-se a habilidade técnica do pintor em detalhar as rendas que cobrem seu colo e seus braços. As cores da nobreza, diversos tons de dourado e bordô, contrastam com a luminosidade do branco acetinado do vestido e mais ainda com o tom claro da pele de Dona Teresa. Assim, o retrato tinha a função de mostrar a soberania e também de impactar, mostrando os aspectos distintivos desse grupo social naquele período.
— Bruno Miranda Braga, historiador cultural, professor e sócio do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, IGHA, 2023