Em sua produção, Tuesday Smillie parte de referências dos ativismos transfeministas, queer e LGBTQI+, seja por meio de imagens de protestos e ações coletivas desses grupos ou por meio da palavra, inspirada na
literatura que desafia papéis de gênero. Em
Histórias feministas, Smillie apresenta três obras da série Banners[Faixas], tomando como base as faixas confeccionadas para protestos de rua. A durabilidade e a maleabilidade do tecido o transformam em um suporte ideal para a veiculação de mensagens. Os
bannersde Smillie são elaborados a partir da sobreposição de diferentes tecidos, estampas e, por vezes, contas, bordados, tinta óleo ou spray e a inserção de uma frase.
Em
Together[Juntxs], de 2017, é possível ler em inglês a frase “Juntxs: forca na diferença, segurança nos números”, que sintetiza uma das propostas dos ativismos queer: a afirmação de que, por meio da união, as pessoas possam
se sentir seguras em suas diferenças. Isso reforça a pluralidade da ideia de gênero e de sexualidade, apresentando‑os como espectros complexos e fluídos. A obra
Again[Outra vez], de 2017, por sua vez, traz a frase: “As lâmina que nos engolimos irão nos cortar de novo enquanto nós as cuspimos, para cortar‑nos umas/uns as/os outras/os” e aborda a reprodução de sistemas de opressão
que se busca combater. Por fim,
Encontro/Join, de 2019, realizado especialmente para esta mostra, parte da leitura do livro O local da cultura(1998), do teórico indiano‑britânico Homi K. Bhabha, no qual é citado um trecho de Amada, livro da escritora afro‑americana Toni Morrison, para afirmar um desejo profundo de solidariedade social. A frase “Quero o encontro” foi fixada com alfinetes, podendo ser modificada e traduzida de acordo com o
idioma do local que irá receber a obra, estabelecendo vínculos e afetos para além das fronteiras nacionais e linguísticas.