MASP

Sonia Gomes

Eros, 2018

  • Autor:
    Sonia Gomes
  • Dados biográficos:
    Caetanópolis, Minas Gerais, 1948
  • Título:
    Eros
  • Data da obra:
    2018
  • Técnica:
    Costura, amarrações, tecidos e rendas varidas sobre tecido, vidro e concreto
  • Dimensões:
    265 x 100 x 40 cm
  • Aquisição:
    Doação da artista com Pedro Mendes, Matthew Wood e Felipe Dmab, 2018
  • Designação:
    Assemblage
  • Número de inventário:
    MASP.10832
  • Créditos da fotografia:
    Eduardo Ortega

TEXTOS



Sonia Gomes realiza esculturas em que se utiliza geralmente de tecidos que recebe e recolhe de amigos ou de pessoas anônimas. Essas vestimentas antigas, como vestidos de casamento ou roupas de bebês, carregam memórias sentimentais de seus antigos portadores. A artista desfaz e costura essas roupas tornando-as matéria prima de suas obras. Para sua mostra individual no MASP em 2018 Gomes realizou, Eros, uma obra concebida especialmente para o cavalete de vidro desenhado pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), também autora do edifício do museu. Nesse trabalho, Gomes se vale dos dois furos já existentes nos vidros normalmente utilizados para montar os quadros, e envolve-os transpassando os tecidos. Preenche a escultura com os mais diversos enchimentos e objetos, alguns visíveis e outros propositalmente enigmáticos, conhecidos apenas pela artista. A obra se constrói por arames e costuras aparentes, marcando e conectando os tecidos, suas estampas e cores diversas. O título, Eros, pode aludir a esta relação afetiva e visceral entre os objetos pessoais, suas histórias, memórias e pesos que carregam. A obra registra também uma conversa amorosa entre o trabalho escultórico de Gomes e o dispositivo expográfico de Bo Bardi.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2022




Por Amanda Carneiro
Em 2018, no contexto do ano dedicado às Histórias afro-atlânticas, Sonia Gomes fez sua primeira exposição em um museu em São Paulo. Também era minha estreia curatorial no MASP e juntas fomos desafiadas a dialogar com o modernismo de Lina Bo Bardi, autora do edifício, tanto no espaço do museu, quanto na sua Casa de Vidro. Sonia estava produzindo novas esculturas que incorporavam pedaços de madeira, além de seus usuais tecidos. Eu pude acompanhar de perto e aprender muito com seu processo artístico, vendo, a partir do olhar atento dela, que aqueles galhos e troncos foram esculpidos pela natureza, e são singulares em seus veios e volumes, em suas formas orgânicas e abstratas. Eu gostava de pensar que as roupas e retalhos que a Sonia costurava e esculpia naquelas madeiras, de maneira tão cúmplice, somavam aos vestígios de afetos e memórias dos tecidos na longa duração da natureza. Essa relação orgânica acabou refletida no espaço, as janelas descortinadas permitiam que o jardim se conectasse à galeria, e que a suspensão de seus pendentes fosse articulada com a suspensão do próprio edifício do MASP. A exposição se encerrou, mas deixou sua marca na coleção do museu: a obra Eros (2018), realizada especialmente para um cavalete de concreto e cristal no Acervo em transformação do museu, foi generosamente doada pela artista. O trabalho registra essa conversa entre Sonia e Lina, que eu fui muito feliz em acompanhar.

— Amanda Carneiro, curadora assistente, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 30.04.2020



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