MASP

Lina Bo Bardi

Estudo preliminar - Esculturas praticáveis do Belvedere do Museu de Arte Trianon, 1968

  • Autor:
    Lina Bo Bardi
  • Dados biográficos:
    Roma, Itália, 1914-São Paulo, Brasil ,1992
  • Título:
    Estudo preliminar - Esculturas praticáveis do Belvedere do Museu de Arte Trianon
  • Data da obra:
    1968
  • Técnica:
    Nanquim e aquarela sobre papel
  • Dimensões:
    56,5 x 76,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2006
  • Designação:
    Desenho
  • Número de inventário:
    MASP.04442
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Lina Bo Bardi formou‑se em arquitetura na Università degli Studi di Roma La Sapienza. Transferindo‑se para Milão, foi editora da revista Domus, importante periódico de arquitetura e design. Em 1946, casou‑se com o crítico e marchand Pietro Maria Bardi (1900-1999) e mudou‑se com ele para o Brasil, para trabalhar na fundação do MASP, a convite do jornalista e empresário Assis Chateaubriand (1892-1968). Bo Bardi projetou as instalações do museu em sua antiga sede, na rua 7 de Abril, além de participar de sua programação como curadora, arquiteta, designer e editora. De 1959 a 1964, Bo Bardi morou em Salvador, onde foi diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia, trabalhando também no projeto de reforma de seu edifício. Em 1957, começou o projeto da sede do MASP na avenida Paulista, inaugurada em 1968. Bo Bardi interessava‑se por uma arquitetura crua, sem luxos. Disso decorre o uso de concreto, piso de borracha industrial e instalações aparentes, como as de ar‑condicionado. No desenho Estudo preliminar — Esculturas praticáveis do belvedere Museu Arte Trianon, Lina apresenta suas ideias para o uso do Vão Livre do MASP, pensado como uma praça para uso livre da população, criando uma interface entre o museu e a cidade.

— Equipe curatorial MASP, 2015

Fonte: Adriano Pedrosa (org.), MASP de bolso, São Paulo: MASP, 2020.




Por Tomás Toledo
O edifício do MASP na avenida Paulista, projetado por Lina Bo Bardi, é um marco na paisagem de São Paulo. A arquitetura do museu tem uma vocação pública inescapável, e o volume de concreto suspenso, uma laje de 74 metros, cria uma grande praça — o Vão Livre. Esse é o elemento arquitetônico que mais me impressiona no MASP, e o conecta à cidade de uma forma única e complexa, misturando as dinâmicas da rua com as do museu. Lina sempre expressou o desejo de que o Vão pudesse ser um espaço cívico para manifestações políticas, um ponto de encontro, mas, sobretudo, gostaria que fosse utilizado para o lazer da população. Nesse sentido, o Vão Livre estaria mais próximo de uma praça de cidade do interior, com brinquedos para crianças, como mostra um famoso desenho da arquiteta. Alguns artistas dialogaram com o potencial lúdico do Vão, e o primeiro a fazê-lo foi Nelson Leirner, na inauguração do museu em 1969, com sua mostra Playgrounds, com trabalhos interativos, numa espécie de museu na rua. Já em 2016, em uma exposição coletiva que emprestava o título da de Leirner, a artista Céline Condorelli retomou e atualizou a proposta de Maria Helena Chartuni e Carlos Blanc, que instalaram, em 1970, um carrossel no Vão Livre. O carrossel de Condorelli desdobra-se em duas estruturas: uma instalada no Vão e outra no segundo subsolo do MASP, no mesmo eixo vertical, propondo uma conversa, como indica o título Conversation Piece, entre as pessoas que utilizam os brinquedos e entre o espaço privado e público do museu.

— Tomás Toledo, curador-chefe, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 22.05.2020




Por Guilherme Giufrida
Muita gente não sabe, mas a decisão de revestir o edifício do MASP na avenida Paulista em vidro foi tomada pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1966, no final da construção, que durou 11 anos, de 1957 a 1968. Uma das questões mais interessantes do livro O MASP de Lina, que organizei com Adriano Pedrosa por ocasião dos 50 anos do edifício, foi pensar sobre as razões dessa escolha. Inicialmente, o prédio seria todo coberto de concreto; depois, Lina projetou um jardim vertical e cogitou revesti-lo com esculturas do artista Abelardo da Hora. A decisão afinal foi pelo vidro, e tem uma justificativa técnica: reduziria o peso da enorme caixa de concreto suspensa pelas colunas. Por outro lado, a solução do vidro evoca a própria Casa de Vidro, outra obra chave de Lina, de 1951. Porém enquanto na Casa o vidro revela apenas as salas da frente da residência (e não as áreas de serviço, dos empregados, nos fundos), no MASP o vidro revela tanto a pinacoteca de cavaletes no segundo andar quanto as áreas dos funcionários, no primeiro, tanto na frente quanto nos fundos. Por vezes, amigos meus passando pela avenida Paulista me avistam no escritório, e para eles conto essa história, que mostra que, para Lina, arte, exposições e outras atividades de um museu são, antes de tudo, fruto de trabalho.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 14.04.2020




Por Guilherme Giufrida
Depois de formar-se em arquitetura em Roma, Lina Bo Bardi mudou-se para o Brasil para participar na fundação do MASP, em 1947, com o marido Pietro Maria Bardi (1900-1999). Projetou as instalações do museu em sua antiga sede, na rua 7 de Abril, além de atuar como curadora, designer e editora. Em 1957, iniciou o projeto da sede do MASP na avenida Paulista, inaugurada em 1968. Paralelamente, Bo Bardi desenvolveu desde muito jovem desenhos e aquarelas, prática que aprendeu inicialmente com seu pai Enrico Bo, próximo do artista Giorgio de Chirico. Em aquarelas, nanquins, colagens e esboços de projetos arquitetônicos, explicitou seu processo de conhecimento e desejos para o uso e fruição dos espaços. Em Estudo preliminar—Esculturas praticáveis do belvedere Museu Arte Trianon apresenta suas ideias para o térreo do edifício–depois apelidado de “vão livre”: uma praça pública aberta, interface entre o museu e a cidade. A aquarela de grandes dimensões foi realizada meses antes da inauguração do MASP e trata-se da principal representação em desenho do projeto final construído, depois de sucessivas alterações durante a obra. Bo Bardi produziu uma perspectiva do belvedere exagerando a sua escala, ressaltando os canteiros de flores, os espelhos d’água, a mata do parque Trianon ao fundo, com muitos brinquedos, esculturas e pessoas alegres desfrutando do espaço—como numa praça de interior envolvida pelo edifício modernista. Curiosamente, a arquiteta detalha o revestimento do piso com paralelepípedos usados nas ruas de São Paulo naquela época e parasitados pelo mato, algo que sobrevive até hoje.

— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2022



Pesquise
no Acervo

Filtre sua busca