Nascido na Itália, Eliseu Visconti é um dos principais nomes da pintura acadêmica no Brasil da virada do século 19 para o 20. Emigrou para o Rio de Janeiro aos seis anos de idade e ainda muito jovem iniciou seus
estudos no Liceu de Artes e Ofícios, depois na Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de artistas fundamentais do período, como Victor Meirelles (1832-1903). Na década de 1890, passou alguns anos de estudo
na Europa; na volta ao Brasil foi comissionado pelo prefeito Pereira Passos (1836-1913) para pintar painéis decorativos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e lecionou na Escola Nacional de Belas Artes. Em décadas
de vasta produção, Visconti foi muito influenciado pelos movimentos da pintura europeia de então, como o pontilhismo, sobretudo em retratos e pinturas de paisagem marcados pelo realismo. A obra
Flores(1917) foi realizada em um período em que Visconti vivia entre o Rio de Janeiro e Paris, de onde costumava viajar para Saint-Hubert, vilarejo da família de sua esposa, Louise Palombe (1882-1954), no qual o artista
retratou cenas rurais e naturezas-mortas como esta. Trata-se de uma composição com quatro tipos de flores em rosa, branco e laranja sobre folhagens em diversos tons de verde. Aqui se percebe a forte influência do
impressionismo sobre sua pintura, especialmente na ausência de contornos nítidos entre as pétalas, o que se acentua nas folhas ao fundo. Curiosamente, esta obra foi doada pelo pintor a Assis Chateaubriand, fundador
do MASP, em 1927; anos depois a tela foi roubada, e recuperada apenas em 1967, quando, com o título
Trepadeira em flor, foi oficialmente incorporada ao acervo do museu, que possui mais cinco trabalhos de Visconti.