Em uma análise detida e segura da obra Harmonia em Vermelho-Branco-Preto, Aguilar (1991, p. 107) detecta os principais elementos da obra, enfatizando o fato de que a estrutura compositiva abriga e deixa entreaberta à percepção a dimensão temporal da execução: “os riscos verticais
ultrapassam os horizontais, ganhando elã, para explodir em um mandala vermelho ao perfazer a ascensão. Intervenções menos incisivas (veladuras, multiplicação de camadas), além de acusarem os tempos diferentes da
execução, corporificam o esquema linear, esmiúçam entradas e saídas no labirinto pictural. (...) Não existe forma e fundo, a tela respira dentro de um só plano, distendido aqui e ali por acontecimentos espaciais”.
Sempre segundo o autor, a obra “identifica gestualidade e vivência por linhas interrompidas, cicatrizadas, – maneira do autor inscrever-se num espaço já prenhe de iniciativas e de estímulos visuais”.