Desde a década de 1890, João Baptista da Costa (1865-1926) distanciou-se da pintura histórica de referências neoclássicas ligada à Escola Nacional de Belas Artes — na qual ingressou quando ainda era uma criança órfã,
e da qual se tornou diretor anos depois —, aproximando-se paulatinamente de procedimentos de pintura por observação direta. A produção do artista compõe-se de cenas de gênero e retratos, mas foi pelas paisagens que
ele se notabilizou. Retratou o mundo rural em composições harmônicas e descritivas, nas quais tudo parece acolhedor e pacificado, sem empregar artifícios, dramáticos ou cenográficos. Atentou para a composição
cromática de suas telas, que chamam atenção por evitar fortes contrastes. O pintor ficou conhecido como “o poeta do verde” do Brasil, por utilizar diversos tons de verde, como se vê na obra
Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio de Janeiro(1925), em que retrata uma das principais paisagens da cidade carioca anos antes de sua urbanização. A vegetação é representada por uma profusão de verdes, que toma uma parte significativa da tela; percebe-se também
o uso equilibrado de tons de marrom, cinza e azul: na terra que contornava a lagoa, nos casarios, destacando os telhados e as figuras. A água aparece estática, e o céu é claro. Na maioria de suas paisagens, a
natureza é a protagonista; a figura humana ou animal, como vemos aqui, é apenas sugerido, aparecendo incidentalmente e bem menor do que a vegetação, que se destaca pelo detalhamento minucioso. É possível identificar
folhagens de bananeiras, sapucaieiras e palmeiras, entre outras espécies nativas. Apesar de não ter sido entusiasta do modernismo, Baptista da Costa foi professor de pintores como Candido Portinari (1903-1962), na
Escola Nacional de Belas Artes.