Abelardo da Hora foi um incentivador da cena artística pernambucana, tanto em relação à cultura popular como ao modernismo. Formado em direito e em belas-artes, iniciou sua carreira na cerâmica com Ricardo Brennand,
representando temas locais. Seu trabalho é presença marcante em áreas públicas do Recife. A partir da década de 1940, suas esculturas em bronze, mármore, cimento banhado em ácido e especialmente concreto preencheram
praças com narrativas sociais. Nega Fulô, por exemplo, remete ao poema de Jorge de Lima, no qual a mulher negra é retratada como objeto de exploração laboral e sexual, no contexto da escravidão. Na década de 1960, da
Hora ocupou a direção da Divisão de Parques e Jardins e a Divisão de Artes Plásticas e Artesanato de Recife. Nessa época, elaborou a proposta que, na década de 1980, influenciou a criação de uma lei segundo a qual
toda edificação ou praça pública com mais de mil metros quadrados deveria dedicar um espaço de destaque para escultura, pintura, mural ou relevo escultórico de artista preferencialmente brasileiro.