A expressão “escola cusquenha” designa uma tradição pictórica do vice-reino do Peru, em particular, da região de Cuzco, que se desenvolveu principalmente a partir do terremoto de 1650. No processo de reconstrução das numerosas igrejas, muitos artistas e artesãos desenvolveram um estilo próprio, com uma mescla de referências europeias (do maneirismo italiano ou da pintura flamenga) e com elementos da cultura local. A escola cusquenha está associada ao barroco da região dos Andes e é caracterizada pela ausência de perspectiva e do volume no tratamento das figuras, assim como pela minúcia e riqueza na representação das vestes e dos ornamentos. Muitas obras foram realizadas em coletivo por ateliês, dificultando a definição de sua autoria, como a pintura Nossa Senhora dos Remédios. Essa é uma invocação da virgem Maria, originária de Valência, na Espanha, onde era chamada Nossa Senhora dos Desamparados. Na cidade espanhola, havia um hospital e um santuário com uma escultura da Virgem da qual foram derivadas gravuras e pinturas que circularam na América Latina. Provavelmente, a obra do MASP representa essa imagem, da qual existia um exemplar na catedral de Cuzco, e pode ter sido encomendada pelos dois homens retratados na base da pintura.
— Equipe curatorial MASP, 2017