Por Luciano Migliaccio
Frédéric Chopin assim definiu o talento de Ziem: “Cada artista tem uma pátria ideal, geralmente distante de seu verdadeiro país. A pátria de Ziem é Veneza. É ali que sua pintura encontra seu domicílio legal. Com uma
gota de água na qual se dissolve um pouco de cor, ele constrói uma casa em crepe dourado. Mas o que exprime ainda melhor é a água da laguna dividida em mil escamas de luz refletindo o capricho do céu através do
rastro e dos remos das gôndolas que alteram as silhuetas refletidas dos palácios”. As palavras de Chopin são indicativas do clima cultural no qual se inscreve a obra de Ziem, caracterizado por uma visão da arte como
expressão do sentimento individual e pela proximidade entre pintura, música e poesia, refletindo uma única visão interior. O virtuosismo de Chopin e a tensão heróica de Byron, fascinado pelo Oriente, encontram um
paralelo na concepção da paisagem de Ziem, com sua dissolução da forma ótica e sua exploração do valor psicológico da cor e da composição. O quadro do Masp
O Canal Grande em Venezapertence à época final da produção do artista.