Aldemir Martins é um dos artistas que mais deram visibilidade às expressões culturais e personagens do imaginário do Nordeste brasileiro, como o cangaceiro, o jagunço e a rendeira. A cultura popular foi a matriz para
a sua ampla produção em desenho, pintura e gravura. O artista migrou para São Paulo, em 1941, onde realizou as suas primeiras exposições. Anos depois, mergulhou nos estudos de gravura, com o artista Poty Lazzarotto
(1924-1998), e de história da arte, com Pietro Maria Bardi (1900-1999), nos ateliês e cursos teóricos oferecidos pelo MASP, onde trabalhou como monitor nas exposições. Rapidamente, Martins alcançou um lugar de
destaque com as séries sobre as rendeiras e os cangaceiros, e recebeu prêmios na 1ª Bienal de São Paulo (1951) e na 28ª Bienal de Veneza (1956). Esse destaque revela como, na época, havia uma preocupação em forjar
uma noção de identidade para a arte brasileira, com base nas culturas regionais, ditas populares. Na obra
O jagunço, uma linha circular define o contorno do corpo de um homem.
Essa circularidade, combinada com um rosto quase abstrato, e com o ângulo reto formado pelo seu corpo e braço levantado, dá à figura um movimento e um caráter gráfico. Apesar da elegância do gesto do personagem, o
facão e o fuzil em punho remetem à violência dessa figura, como se estivesse prestes a atacar.