MASP

Diego Rivera

Os semeadores, 1947

  • Autor:
    Diego Rivera
  • Dados biográficos:
    Guanajauto, México, 1886-Cidade do México, México ,1957
  • Título:
    Os semeadores
  • Data da obra:
    1947
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    67 x 98,5 x 2 cm
  • Aquisição:
    Doação Dom Emílio Ascarraga, 1951
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00214
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Nos anos passados em Paris (1907-1921), Rivera aproximou-se do cubismo de Pablo Picasso (1881‑1973) e de Juan Gris (1887-1927), e da pintura de Cézanne (1839-1906) e de Modigliani (1884-1920). Voltou ao México em 1921 e começou a pesquisar e colecionar objetos populares e pré‑colombianos. Nessas bases, concebeu uma pintura épica e popular, destinada a grandes superfícies e para a fruição de massa. A partir de 1922, com o apoio do Ministério da Educação, realizou pinturas murais em numerosos edifícios públicos da Cidade do México, Cuernavaca e Chapingo. Em 1932-33, trabalhou nos Estados Unidos, para o Detroit Institute of Arts e o Rockefeller Center de Nova York. O mural Trabalho industrial e trabalho agrícola, realizado nesse local, foi destruído por representar a figura de Lenin. Em 1929, Rivera casou-se com a pintora Frida Kahlo (1907-1954). Aproximou-se do movimento surrealista e das posições ideológicas de Lev Trotski, que seria assassinado quando era hóspede da casa do pintor em Coyacan (1940). A obra Os semeadores (1947) faz parte de uma série de telas pequenas, todas da mesma época, em que Rivera utiliza nas figuras os mesmos tons de terra que marcam a paisagem mexicana. O movimento arqueado do corpo do camponês acompanha a curva das colinas que ele semeia, como se fossem uma coisa só.

— Equipe curatorial MASP, 2017




Por Luciano Migliaccio
Ao lado da pintura mural, a produção de Rivera na década de 40 caracteriza-se pela produção de paisagens simbólicas de tamanho reduzido, com acentos surrealistas, devido à influência da mulher, a pintora Frida Kahlo. Como nas pinturas da capela da Universidade Autônoma de Chapingo, de 1927, Rivera usa no quadro do Masp, Los Sembradores (Os Semeadores), um sistema geométrico de linhas onduladas e volumes simplificados e acentuados, derivado dos afrescos de Giotto, criando uma superfície visualmente unificadora. O tecido geométrico é contrabalançado pelo movimento das figuras curvadas no trabalho do campo. A paleta é formada por tons terra e negros próximos àqueles utilizados na pintura mural, em que a intenção é a criação de um efeito de relevo. A representação da realidade exterior é carregada de movimentos simbólicos que se referem não apenas à visão histórica e política do autor, como também à relação homem/ natureza no mundo tropical, confrontadas ao universo simbólico da cultura popular mexicana. Essa capacidade de ressaltar os valores universais da linguagem figurativa permite a Rivera superar a visão romântica ou retórico-política de Orozco e de Siqueiros. Por estas características, seu estilo teve influência internacional determinante sobre artistas norte-americanos da geração de 30, como Ben Shahn. No que diz respeito ao Brasil, sabemos, por intermédio de carta conservada na documentação do Masp, que em novembro de 1948 Bardi oferecia a Rivera duas salas do museu para realizar uma exposição. Dois anos depois, Assis Chateaubriand pensava em encomendar ao pintor mexicano um painel decorativo de grande tamanho para o hall do edifício dos Diários Associados. Este trabalho nunca foi realizado, mas evidencia o interesse dos criadores do Masp pela pintura do mestre mexica-no, devido inclusive à sua influência sobre a vocação muralista de artistas brasileiros como Portinari e Di Cavalcanti.

— Luciano Migliaccio, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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