MASP

Jean-Baptiste Camille Corot

Paisagem com camponesa, 1861

  • Autor:
    Jean-Baptiste Camille Corot
  • Dados biográficos:
    Paris, França, 1796-Paris, França ,1875
  • Título:
    Paisagem com camponesa
  • Data da obra:
    1861
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    27 x 43 x 2 cm
  • Aquisição:
    Doação Arnaldo Guinle, 1950
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00066
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



A vida de Corot foi marcada por uma intensa produção e por viagens que alimentaram sua pintura, em constante transformação e sem adesão rígida a qualquer estilo específico. O MASP possui cinco obras do artista: três retratos, uma paisagem e uma natureza-morta. Em Cigana com bandolim (1874), retrato da soprano sueca Kristina Nilsson (1843-1921), os ocres e vermelhos revelam uma sobriedade calculada. O cuidado com a cor é também a tônica da obra Rosas num copo (1874), em que a transparência do copo e a variação entre pedaços diluídos e maciços de tinta criam a sensação de umidade. O fundo uniforme destaca a cor de cada pétala. As linhas vertical e horizontal e o copo deslocado do centro dão um aspecto casual e intimista para a imagem, como se ela fosse o recorte de uma distração. É uma das três únicas pinturas de flores do artista. Paisagem com camponesa (1861) tem uma gradação de azuis entre o céu e as colinas ao fundo, semelhante à do verde do pasto e das plantas no centro do quadro. A divisão horizontal marca um espelhamento tanto na cor quanto na composição: o terreno declina na mesma medida em que a linha azul da paisagem se levanta. A árvore ao centro conecta os dois planos, enquanto a camponesa representa o trabalho como um elemento constitutivo dessa paisagem.

— Equipe curatorial MASP, 2017




Por Felipe Martinez
As paisagens do francês Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875) destacam-se mais por sua harmonia tonal do que pela intensidade de suas cores. Paisagem com camponesa é um claro exemplo disso: o artista era capaz de construir o espaço de suas obras por meio da variação de temperatura entre as cores aliada a sutis gradações de tonalidade. Este tema aparece também com frequência nas obras de outros artistas da chamada Escola de Barbizon, na qual se incluem Corot e outros grandes nomes da pintura francesa do século 19, como Jean-François Millet (1814-1875). As obras de Corot não só celebram o campo em contraposição à indústria e às cidades, mas também revelam uma visão particular de mundo, um pedaço da natureza filtrado por um temperamento, como escreveu o escritor francês Émile Zola (1840-1902). Além disso, paisagens eram gêneros comercializáveis de primeira ordem: eram facilmente entendidas pelo público, tinham um tamanho compatível com as vitrines e paredes das galerias e revelavam a personalidade de seu autor. O mercado de arte do século 19 era antes um mercado de temperamentos que de obras propriamente ditas. Os paisagistas de Barbizon foram fundamentais para aquecer o mercado de arte, a essa altura já muito associado ao mundo financeiro. No final da década de 1870, quando a maioria dos artistas do grupo já havia falecido, os preços atingidos pelas pinturas de Corot e Millet estavam entre os maiores já pagos por pinturas até então. Foi essa valorização que permitiu que os principais marchands da época, como Paul Durand-Ruel (1831-1922), pudessem acumular capital suficiente para que se arriscassem com os impressionistas no fim daquele século.

— Felipe Martinez, doutor em História da Arte, Unicamp, 2021

Fonte: Instagram @masp 27.03.2021




Por Luciano Migliaccio
Para Camesasca (1979 p. 38), nenhuma das inscrições parece ser autógrafa do mestre. Aguilar, por sua vez, inclui o quadro Paisagem com Camponesa no seu catálogo como obra do mestre, sem contudo acrescentar nenhum comentário. A composição não é comparável à perfeição construtiva das melhores obras de Corot, nem o tema é um de seus preferidos. Contudo, o pequeno quadro não carece de graça e de qualidade na representação da luz meridiana, sugerindo um dia de primavera, e no espaço, definido singelamente pelo tronco da árvore e pela pequena figura da camponesa encurvada no seu trabalho de coleta de ervas.

— Luciano Migliaccio, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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