Por Luciano Migliaccio
Segundo o crítico Clement Greenberg, a melhor fase de Lipchitz situa-se entre 1925 e 1930, quando realizou peças de pequenas dimensões, que ficaram em estado de maquete. O bronze do Masp
Pierrô com Bandolimpertence a esse grupo de obras. Para Aguilar (1991, p. 101), a escultura revela formas que Le Corbusier, animador do grupo do Esprit Nouveau, do qual Lipchitz participou, desenvolveria mais tarde na capela de Ronchamp. A relação com a arquitetura é de particular importância no desenvolvimento da obra do escultor. O jogo entre o convexo e o côncavo
proporciona à vista frontal um equilíbrio monumental que pousa suavemente nos três membros inferiores do objeto. A interpenetração das linhas retas, vertical e horizontal, nos volumes sinuosos, representando
sinteticamente a cabeça, o braço e o instrumento musical, confere ao bronze uma proporção musical e um timbre sentimental, lembrando as mascáras de Picasso da cenografia
Parade, e a tela Mulher com Bandolim de Braque (1922-1923, Paris, Musée National d’Art Moderne).
Cabe lembrar que a escultura pertenceu a Olívia Guedes Penteado, colecionadora brasileira, sensível aos valores da arte da vanguarda, amiga de Blaise Cendrars e de Tarsila do Amaral, que a orientou em suas aquisições
em Paris.