MASP

Mestre Didi

Sasara Ati Aso Ailo, 1960

  • Autor:
    Mestre Didi
  • Dados biográficos:
    Salvador, Brasil, 1917-2013
  • Título:
    Sasara Ati Aso Ailo
  • Data da obra:
    1960
  • Técnica:
    Couro pintado, palha da costa, búzios e miçangas sobre nervura de palmeira
  • Dimensões:
    66 x 35 x 21 cm
  • Aquisição:
    Doação Ana Dale, Carlos Dale Júnior, Antonio Almeida, Thais Darzé e Paulo Darzé, no contexto da exposição Histórias Afro-atlânticas, 2018
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.10755
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Deoscóredes Maximiliano dos Santos (1917-2013), chamado de Mestre Didi, foi um escultor e escritor baiano conhecido por conjugar as funções sociais de sacerdote religioso e artista. Filho de Maria Bibiana do Espírito Santo, a Mãe Senhora, terceira Iyalorixá do Ilê Axé Opo Afonjá, importante terreiro de candomblé fundado em 1910, ele mesmo recebeu o título de Alapini, o mais alto cargo da hierarquia sacerdotal no culto aos ancestrais Egun. Produziu uma obra de fôlego excepcional, reconhecidamente brasileira, embora de expressiva matriz africana. Suas esculturas não opunham o tradicional e o moderno, antes revelavam a contemporaneidade das artes vinculadas às religiosidades afro-brasileiras. Seus trabalhos remetem às mitologias dos orixás, às insígnias de poder e às ferramentas das divindades africanas do panteão da terra (Nanã e seus filhos Obaluaiê ou Omolu, Oxumaré e Ossain) e são formulados com materiais naturais como sementes, contas, couro, folhas, palhas e búzios, esse último também chamado cauris e que na África foram utilizados como moeda de troca. Sua obra suscitou debate: aos que defendiam os valores artísticos eurocêntricos, suas esculturas não eram obras de arte. Para aqueles iniciados em religiões afro-brasileiras, a produção do artista rompia com o segredo do universo sagrado, dessacralizando e transformando em arte um objeto de função ritual. Para outros, sua arte valorizava a imensa produção que circulava internamente aos terreiros, tornando pública uma estética particular e fomentando uma arte própria. Com efeito, a fatura cuidadosa, a singularidade de suas construções, e o vigor estético de sua visualidade alicerçada nos candomblés afirmam, cada vez mais, a importância de Mestre Didi para a história da arte — no Brasil, na África e no mundo.

— Amanda Carneiro, curadora assistente, 2020

Fonte: Instagram @masp 24.08.2020



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