MASP

León Ferrari

Sem título, 1980

  • Autor:
    León Ferrari
  • Dados biográficos:
    Buenos Aires, Argentina, 1920-2013
  • Título:
    Sem título
  • Data da obra:
    1980
  • Técnica:
    Aço inoxidável
  • Dimensões:
    99 x 50 x 49,5 cm
  • Aquisição:
    Doação do artista, 1991
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.01245
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Quando León Ferrari chegou ao Brasil em 1976, escapando da ditadura na Argentina, ele já havia consolidado uma carreira de 30 anos e se destacava como um dos principais representantes das vanguardas que surgiram nos anos 1960 entre Buenos Aires e Rosário. Seus trabalhos desafiam e questionam os ideais de produtividade da economia neoliberal e valores morais e religiosos conservadores, em particular no que diz respeito a comportamentos sociais e sexuais. Em muitos casos recorreu à mídia impressa para realizar colagens polêmicas, nas quais figuras religiosas são protagonistas de cenas eróticas. Já na série Heliografias, plantas arquitetônicas são percorridas por indivíduos idênticos que, como peões anônimos, parecem repetir maquinalmente os mesmos comportamentos e ações. A dimensão crítica de seu trabalho em escultura dialoga diretamente com a de seus desenhos e trabalhos em papel. A partir do início dos anos 1960, o artista produziu suas “armadilhas para generais”, uma série de esculturas de arame. Em seu exílio voluntário em São Paulo, o artista retomou a produção dessas esculturas de aço abstratas. É o caso de Escultura, estrutura quadriculada que remete à grade da abstração geométrica e ao mesmo tempo à ideia de aprisionamento.

— Equipe curatorial MASP, 2017

Fonte: MASP: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: Instituto Cultural J. Safra, 2017. (Coleção museus brasileiros)




Por Amanda Sammour
León Ferrari nasceu em Buenos Aires, em 1920, e teve sua trajetória de vida e sua produção fortemente marcadas por acontecimentos na esfera política no século 20—dado determinante para compreensão conceitual de seu corpo de trabalhos. O golpe militar de 1976, que deu início ao período da última ditadura argentina, motivou a transferência de León Ferrari e sua família para São Paulo, onde integrou-se ao circuito artístico local. No Brasil, Ferrari estabeleceu relações com artistas, historiadores e críticos de arte, participando de diversas exposições consideradas centrais para o quadro de renovação das linguagens artísticas naquele período. Foi no contexto de sua chegada ao Brasil que o artista resolveu retomar a produção de esculturas de arame, realizando obras a partir de uma linguagem que remete aos seus primeiros trabalhos, da década de 1960. O trabalho Sem título, do acervo do MASP, está diretamente ligado a este momento de retomada. Formado por um núcleo de linhas retilíneas de arame emaranhadas, este trabalho parece constituir uma espécie de edifício imaginário. Se no início de sua produção as primeiras esculturas de arame procuravam evidenciar as relações entre o espaço e o vazio, neste segundo momento, também parecem estar carregadas da inquietude artística e política vivenciada por Ferrari, refletindo uma situação de conflito. A fusão entre as linhas congestionadas, atravessadas pela luz e pelo movimento, desenvolve uma composição quase cinética. Alguns dos trabalhos produzidos nesta série de esculturas, ao serem agitados pelo vento ou pela mão, são capazes, inclusive, de emitir um som semelhante a um murmúrio. Do movimento das linhas de arame de uma de suas esculturas desse período surge a série de desenhos Códigos, a que pertence o trabalho 'Códigos de sinais secretos'—também do acervo do MASP—, em que cada tipo de envergadura do arame torna-se um código de um alfabeto inventado.

— Ammanda Sammour, supervisora de Comunicação e Marketing, MASP, 2023

Fonte: Instagram @masp 05.01.2023



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