MASP

Amadeo Luciano Lorenzato

Sem título, 1988

  • Autor:
    Amadeo Luciano Lorenzato
  • Dados biográficos:
    Belo Horizonte, Brasil, 1900-Belo Horizonte, Brasil, 1995
  • Título:
    Sem título
  • Data da obra:
    1988
  • Técnica:
    Óleo sobre aglomerado de madeira
  • Dimensões:
    101 x 81 cm
  • Aquisição:
    Doação Anônima, 2016
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.01636
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Filho de imigrantes italianos, Lorenzato produziu uma obra que questiona os limites usualmente colocados entre a pintura dita popular e aquela considerada erudita. Sem título é um extraordinário exemplo de um dos mais característicos motivos do artista — as vistas de favela da cidade de Belo Horizonte, onde Lorenzato nasceu e onde voltou a se radicar nos anos 1950, depois de passagens por Florença, Roma, Bruxelas, Paris, Hamburgo e Rio de Janeiro. O tratamento dado ao tema contrapõe uma grade geométrica de formas simplificadas à natureza e à pintura de paisagem, revelando sua percepção da realidade por meio da experiência de uma urbanização incompleta e com traços de isolamento social. As casas em linhas retas, compostas de poucos elementos, parecem se acumularem sobre a paisagem, como camadas que se sobrepõem para formar um todo quase chapado, preso no primeiro plano da pintura. A construção da paisagem, com manchas de cores em territórios marcados, lembra a pintura de afresco, realizada nas paredes das igrejas italianas do renascimento, que o artista conhecia e admirava profundamente.

— Equipe curatorial MASP, 2017




Por Rodrigo Moura
Como eu não cresci em São Paulo, o MASP sempre foi um museu distante para mim. Quando criança em Minas Gerais, conheci as obras de sua coleção no jogo Leilão de Arte, feito pela Brinquedos Estrela. Picasso, Van Gogh, Rafael, quiçá os vi primeiro no tabuleiro do jogo. Jovem profissional trabalhando com arte contemporânea, comecei a frequentar São Paulo intensamente, mas o Museu pouco me interessava. Visitava-o sempre com pressa, mais encantado por seu prédio do que pelas mostras do acervo, já desfeitas dos célebres cavaletes de vidros projetados por Lina Bo Bardi para o museu na avenida Paulista. Logo depois da volta destes, em 2015, me juntei à nova equipe curatorial do Museu. Entre os focos da nova direção artística, o popular me atraía sobremaneira. Os artistas chamados populares, esses sim me eram próximos. Entre eles, o ítalo-mineiro Amadeu Luciano Lorenzato (1900-1995) ocupava um lugar especial. Por isso, assim que tive a oportunidade propus à direção artística e ao comitê cultural a doação de uma pintura sua. O tema escolhido era o da favela, ao qual ele se dedicou ao longo de quase toda sua trajetória, uma iconografia decisiva para delinear as relações fecundas entre modernismo e fontes populares na arte brasileira. É uma pintura grande, das maiores que o artista fez; tem um colorido intenso, formas geometrizadas sobrepostas a uma paisagem montanhosa, o que a torna fotogênica nos cavaletes. Hoje quando a vejo incluída junto às obras da pinacoteca do segundo andar sinto uma alegria enorme. Como quando vemos uma pessoa querida numa foto com outras pessoas queridas, mas não sabíamos que elas se conheciam.

— Rodrigo Moura, curador chefe, El Museo del Barrio, Nova York, 2020

Fonte: Instagram @masp 23.04.2020



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