MASP

Djanira da Motta e Silva

Vendedora de flores, 1947

  • Autor:
    Djanira da Motta e Silva
  • Dados biográficos:
    Avaré, São Paulo, Brasil, 1914-Rio de Janeiro, Brasil, 1979
  • Título:
    Vendedora de flores
  • Data da obra:
    1947
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    100,5 x 65 cm
  • Aquisição:
    Doação Orandi Momesso, 2015
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.01624
  • Créditos da fotografia:
    Eduardo Ortega

TEXTOS



Djanira da Motta e Silva nasceu em Avaré, interior de São Paulo, e mudou‑ se para o Rio de Janeiro, onde produziu grande parte de sua obra. Lá, instalou‑ se em Santa Teresa, onde conviveu com artistas como Emeric Marcier (1916-1990), Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) e Milton Dacosta (1915-1988). Segundo Djanira, “viajar” e “pintar” eram verbos de seu destino, e em sua obra é possível identificar imagens de diferentes regiões brasileiras: das paisagens cariocas e cafezais paulistas à Bahia e ao interior do Maranhão. As representações dos diversos costumes, povos, crenças e culturas brasileiros são características importantes de sua obra, por vezes associada a uma percepção crítica da sociedade, refletindo o forte engajamento político da artista. Vendedora de flores indica o início desse engajamento, tendo como motivo a representação da infância e do trabalho. A pintura atinge uma complexa junção entre diferentes planos de realidade. A personagem humilde e agigantada é retratada em primeiro plano, com os pés descalços contra o fundo da paisagem urbana. O dinamismo do motivo floral no centro da tela dialoga com uma série de figuras imaginárias que orbitam em torno da figura principal. Anjos, crianças e um cachorro pintados em cores luminosas sugerem a possibilidade de transcendência para o duro trabalho infantil.

— Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Rodrigo Moura, curador-chefe, El Museo del Barrio, Nova York, 2020

Fonte: Adriano Pedrosa (org.), MASP de bolso, São Paulo: MASP, 2020.




Por Equipe curatorial MASP
Djanira da Motta e Silva (1914-1979) mudou-se para Santa Teresa, no Rio de Janeiro, aos 23 anos, onde conviveu com os artistas Emeric Marcier (1916-1990), Carlos Scliar (1920-2001), Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) e Milton Dacosta (1915-1988). Em 1945, viajou aos Estados Unidos, onde conheceu os artistas Marc Chagall (1887-1985), Juan Miró (1893- -1983) e Fernand Léger (1881-1955). Além de pintura e desenho, realizou painéis em azulejo, cenários de teatro e padrões para tecidos. De origem humilde, sua obra é repleta de referências à cultura popular e a temas brasileiros: cenas religiosas e da vida cotidiana, festas populares, o trabalho, além de paisagens e retratos. Djanira foi a maior colorista brasileira em seu tempo: o uso de cores contrastantes, com justaposições inesperadas em superfícies planas, foi sua marca. A complexidade nos planos, linhas e composições resulta pinturas enérgicas, frequentemente marcadas por estruturas geométricas. Vendedora de flores (1947) é uma obra-prima de sua primeira fase: a vendedora agigantada, com flores às mãos, é rodeada por pequenas figuras, entre anjos, crianças e um cachorro, a seus pés e voando a seu redor. A cena é representada com pinceladas firmes e precisas, ao lado de outras que se desfazem de maneira mais gestual e expressiva na tela, conferindo ritmo e movimento ao conjunto colorido e vibrante. Sua primeira exposição individual em São Paulo aconteceu em 1958, organizada por Pietro Maria Bardi, diretor fundador do MASP, e a capa do catálogo é justamente a obra que seria doada ao museu em 2015. Em 2019, o MASP realizou uma retrospectiva da artista: Djanira: a memória de seu povo.

— Equipe curatorial MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 21.08.2020




Por Fernanda Lopes
Nome importante do modernismo brasileiro, Djanira foi uma das artistas que mais profundamente pensou a brasilidade, desenvolvendo ao longo de quase quatro décadas uma obra marcada especialmente pelo olhar sobre o Brasil e a pluralidade de seu povo e costumes. Suas telas revelam a vida cotidiana da classe trabalhadora, da qual fazia parte, assim como diferentes matrizes de manifestações religiosas, raízes afro-brasileiras e indígenas, a cidade e o campo, e também de culturas regionais. Vendedora de flores (1947), do acervo do MASP, é um marco de passagem importante na produção de Djanira, deixando de lado especialmente as cores sombrias, de tons rebaixados, usando ao invés disso cores vibrantes e tipos humanos com expressão humilde, mas altiva. Aqui, a personagem é uma figura humilde, de pés no chão, retratada em primeiro plano, em meio a um espaço urbano, com forte presença física. Não sabemos seu nome. O que a caracteriza é o seu trabalho, que dá nome ao quadro. As flores que ela carrega misturam-se a anjos, que se espalham por toda pintura, junto com crianças, mantendo presente a forte religiosidade da artista. Interessante observar que só a personagem principal tem seu rosto detalhado e que no canto inferior direito já um cachorro alado. Cores vibrantes tomam conta de toda pintura, organizando-se como campos de cor. Djanira teve pouca visibilidade após sua morte, em 1979. Realizada em 2019 pelo MASP, ‘Djanira: a memória de seu povo’, com curadoria de Isabella Rjeille e Rodrigo Moura, foi a maior exposição monográfica dedicada à artista nos últimos 40 anos.

— Fernanda Lopes, 2022



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