MASP

Francesco Francia

Virgem com o Menino e são João Batista criança, 1510-15

  • Autor:
    Francesco Francia
  • Dados biográficos:
    Bolonha, Itália, 1450-Bolonha, Itália ,1517
  • Título:
    Virgem com o Menino e são João Batista criança
  • Data da obra:
    1510-15
  • Técnica:
    Óleo sobre madeira
  • Dimensões:
    66 x 51,5 x 3 cm
  • Aquisição:
    Doação Diários Associados, 1947
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00012
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Em uma carta a P. M. Bardi, de 20 de junho de 1947, Roberto Longhi escrevia: “sua obra apresenta as habituais características da última fase do bolonhês Francesco Francia, seja no esmalte luminoso, quase “vítreo”, da matéria, seja nos persuasivos acordes de cor que ecoam entre guras e paisagem, seja ainda na invenção que se articula em modo afetuosamente anedótico (o pequeno Jesus que se distrai com a cruzinha de São João Batista!). A cabeça da Virgem, que é certamente a parte mais eleita e mais seguramente autógrafa da pintura, é muito similar, no longo oval sfumato, à da Virgem do retábulo Buonvisi, datável de 1511 (hoje na National Gallery de Londres) e pode portanto indicar a data aproximativa da obra. É este um momento em que Francia costumava valer-se da colaboração de discípulos, e é presumível que esta ocorra em algumas partes do Menino Jesus e do São João Batista”. A obra do Masp – Virgem com o Menino e São João Batista Criança – mostra, de fato, traços excepcionalmente denitórios da poética de Francia e, por extensão, do classicismo bolonhês no período considerado, entre os quais se destacam a torção virtuosística, mas sem tensão dinâmica, do corpo de Jesus, os ritmos tenuamente arredondados das formas, a graça confessa das diagonais opostas do Menino e da melancólica cabeça da Virgem, a unidade sentimental da pirâmide formada pelas personagens em um espaço interno despojadíssimo, no qual o cortinado sintetiza o decoro doméstico e deixa entrever uma paisagem não menos idealizante. Embora a Virgem com a Sant’Ana Buonvisi seja, como atesta um documento, na realidade ligeiramente posterior a 1511, o quadro fornece uma referência estilística e cronológica segura para situar nossa obra no percurso tardio de Francia. Verica-se aqui plenamente a dilatação das formas e o ímpeto idealizante, sintomáticos da profunda inuência de Rafael em Bolonha nas primeiras décadas do Quinhentos, aos quais se associa um gosto pela abstração próprio do intelectualismo bolonhês, de que a pintura de Fran cia é, sem dúvida, um elo-chave.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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