MASP

Agostinho Batista de Freitas

Vista do MASP, 1978

  • Autor:
    Agostinho Batista de Freitas
  • Dados biográficos:
    Paulínea, São Paulo, Brasil, 1927-São Paulo, Brasil, 1997
  • Título:
    Vista do MASP
  • Data da obra:
    1978
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    50 x 64 cm
  • Aquisição:
    Doação Alessandra D'Aloia, 2016
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.01641
  • Créditos da fotografia:
    MASP

TEXTOS



Imagine que você chegou hoje ao MASP andando pela Avenida Paulista, desde a Rua Consolação. Por todo o percurso se pode avistar sua fachada lateral, que vai aumentando de tamanho a medida que você se aproxima. Já na esquina com a Rua Plínio Figueiredo, ladeirinha que sobe até o museu, você terá a mesma visão que Agostinho Batista de Freitas (1927-1997) mostra nesta pintura. É a perspectiva de alguém que se prepara para atravessar em direção ao vão livre, impressão de movimento reforçada pelos demais pedestres, logo adiante. As capacidades técnicas do pintor se mostram exemplarmente nessas e em outras escolhas que fez para a composição, por exemplo ao valorizar os contrastes entre os eixos horizontais – nas formas do piso do vão livre e da laje inferior do museu – e verticais – os postes de sinalização da avenida, os prédios, a grande coluna do MASP e as esquadrias da fachada de vidro. A essa fricção da matriz geométrica o pintor faz acompanhar o contraste cromático, ao articular de maneira muito precisa e elegante cores quentes – nas pessoas, nos veículos – e frias – calçada, asfalto e arquitetura como um todo. Reparem que as grandes colunas do museu ainda eram em concreto bruto, já que o vermelho só foi aplicado em 1991, com o consentimento de Lina Bo Bardi, para solucionar um problema de vazamento. Outros elementos de época são os ônibus da CMTC, a antiga Companhia Municipal de Transportes Coletivos, extinta em 1995, e os carros modelo Fusca. O termo naif – em francês, ingênuo –, aplicado à produção autodidata, traz consigo uma forte carga pejorativa. Uma observação mais detida de um artista como Agostinho mostra algo bem diverso, ao evidenciar seu domínio sobre os elementos da composição e da cor – e seus significados para além do que se vê.

— Fernando Oliva, curador, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 24.06.2020




Por Fernando Oliva
Autodidata, o pintor Agostinho Batista de Freitas (1927-1997) dedicou sua vida a representar São Paulo. Antes de começar a trabalhar no MASP, no começo de 2015, eu nunca tinha ouvido falar dele. E apesar de paulistano, da zona leste da cidade, não conhecia o tradicional bairro do Imirim, na zona norte, oportunidade que se ofereceu quando curei com Rodrigo Moura a mostra Agostinho Batista de Freitas, São Paulo, em 2016-17. Com uma seleção de 74 obras dentre as 300 que localizamos na pesquisa, a exposição se alinhava a um projeto mais amplo do MASP, que discutia as fronteiras entre arte popular e erudita, resgatando figuras como Agostinho, Maria Auxiliadora da Silva e outros que trabalhavam fora dos circuitos tradicionais do sistema da arte e se encontravam esquecidos. No Imirim, reconheci de imediato o típico casario de Agostinho, como em Periferia noturna, e me encontrei com seu filho, Walmir de Freitas, que me mostrou algumas obras do pai que ainda possuía, bem como a casa onde ele teve seu ateliê. O artista pintou muitos lugares emblemáticos da zona norte, caso do Cemitério Chora Menino e do Campo de Marte. No entanto foram as representações do centro que se tornaram sua marca, como a vista aérea encomendada por Pietro Maria Bardi, diretor-fundador do museu, que descobriu Agostinho ainda em 1952, vendendo suas obras próximo ao Viaduto do Chá, e o convidou para protagonizar uma individual no MASP naquele mesmo ano. Agostinho também pintou muitas vistas do MASP, e três delas estão no museu, que possui ao todo cinco obras.

— Fernando Oliva, curador, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 01.05.2020



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