MASP

Percursos pedagógicos afro-brasileiros e indígenas na escola

Horário
19H – 21H
Duração do Módulo
ONLINE
22.9 – 6.10.2023
TERÇAS E SEXTAS
(5 AULAS)
Investimento
GRATUITO
Professores
Clarissa Suzuki

Dasu Huni Kuin 

Elaine Santana

Fátima Santana Santos

Gabriela Nobre Bins

Ladjane Alves Sousa

Letícia Gomes Farias 

Márcia Mura 

A proposta central dos encontros orienta-se pela práxis reflexiva e criadora, ou seja, buscará o compartilhamento dos saberes daqueles que promovem práticas de resistência contra as violências coloniais, já que o nosso objetivo é a valorização de outros pensares e fazeres para além daqueles já consagrados pela história moderna/ocidental e as instituições formais de arte, educação e cultura. 
O objetivo do curso é o de construirmos coletivamente reflexões sobre os saberes  afro-brasileiros, indígenas e migrantes no chão da escola, conhecendo e partilhando estratégicas pedagógicas no combate a práticas de racismo, preconceito e discriminação, sobretudo ampliando proposições metodológicas que auxiliem na prática pedagógica voltada para uma educação decolonial e antirracista. 
Durante os encontros, compartilharemos as práticas educativas/artísticas que integram as múltiplas epistemologias em diálogo com formas de saber e fazer atravessadas pelas memórias e ancestralidades que fundamentam outros pensares e fazeres na educação. Por este motivo, os encontros contemplarão o diálogo com professoras e professores de distintas regiões do país, que realizam ações transformadoras no contexto de escolas públicas com projetos político pedagógicos antirracistas e amparadas por políticas públicas como as Leis 10.639/03 e 11.645/08.

IMPORTANTE
As aulas serão transmitidas ao vivo pelo canal do MASP no YouTube. Haverá tradução simultânea em LIBRAS. O link para registro de presença será compartilhado durante cada aula no chat. O curso será gravado e ficará disponível posteriormente. Os certificados serão emitidos para aqueles que completarem no mínimo 80% de presença.

ACESSOS ÀS AULAS
>> Aula 1 | 22.9.23 [gravada] | clique aqui para rever 
>> Aula 2 | 26.9.23 [gravada] | clique aqui para rever
>> Aula 3 | 29.9.23 [gravada] | Clique aqui para rever
>> Aula 4 | 3.10.23 [gravada] | Clique aqui para rever
>> Aula 5 | 6.10.23 [gravada] | Clique aqui para rever

LISTA DE PRESENÇA
A lista será fixada no chat durante as aulas ao vivo, no horário da aula, sendo fechadas 1 hora após o término da mesma. 

Planos de aulas

Aula 1 – 22.9.2023
CRESPOGOGIA: pedagogias outras para as infâncias
Com Fátima Santana, Ladjane Alves e Clarissa Suzuki

As professoras convidadas, Fátima Santana e Ladjane Alves, compartilharão as reflexões levantadas a partir dos seus relatos de experiências sobre os fazeres e saberes que transitam entre as práticas de ensino e aprendizagem construídas a partir de proposições curriculares antirracistas. Será apresentada uma proposta de pedagogia nascida no chão da escola, identificando possibilidades e caminhos para efetivação do ensino das relações étnico-raciais. Também serão abordadas questões relacionadas  às infâncias e seus  etnométodos com base numa perspectiva afro-brasileira  envolvendo o uso das  literaturas infantis dissidentes entre as práticas docentes, e proposições metodológicas  realizadas no Centro Municipal Dr. Djalma Ramos, localizado em Lauro de Freitas, Bahia.

Aula 2 – 26.9.2023
A arte como linguagem na educação indígena para o fortalecimento da identidade cultural do povo Huni Kuin
Com Dasu Huni Kuin e Clarissa Suzuki

O educador Dasu Huni Kuin compartilhará, além das suas experiências como docente, a sua pesquisa de mestrado e doutorado em andamento que abordam a arte no fortalecimento da identidade do povo Huni Kuin, principalmente no seu território indígena, na Aldeia Kaxinawá de Nova Olinda no Acre. A questão central do encontro, abordará de que forma a arte e a educação contribuíram para o seu povo resgatar, reconstruir e fortalecer a própria identidade, já que durante muito tempo eles foram proibidos de praticarem a sua cultura de modo geral, nas pinturas, rituais, músicas, vestimentas e o próprio idioma. Após o retorno da convivência em aldeia, veio o desafio para retornar às práticas culturais perdidas na época em que trabalhavam para os seringalistas.

Aula 3 – 29.9.2023
A escola e os caminhos ancestrais: construindo saberes com as metodologias da pedagogia de terreiro e a pedagogia griô
Com Letícia Farias, Gabriela Bins e Clarissa Suzuki

As professoras convidadas, Letícia Farias e Gabriela Bins, refletirão sobre estratégias de aplicação das leis 11.645/08 e 10.639/03 a partir da experiência do Projeto batucação e das suas práticas pedagógicas como professoras de Arte e Educação Física da rede municipal de ensino de Porto Alegre/RS, tendo a oportunidade de, através das pedagogias de terreiro e da pedagogia griô, repensar a escola decolonizando seus processos e métodos. O Projeto batucação é uma ação pedagógica que busca novas formas de construir saberes através do tambor, da dança e da cultura das tradições religiosas de matriz afro gaúcha e tem também como objetivo ampliar a autoestima dos alunos afrodescendentes trazendo para dentro da escola sua cultura e seu sagrado.

Aula 4 – 3.10.2023
Pedagogia da Afirmação Indígena
Com Márcia Mura e Clarissa Suzuki

Diálogo com Márcia Mura do Paranã Madeira, educadora e escritora indígena, integrante do Coletivo Mura e das organizações de mulheres da Pindorama e Abya Yala. Neste encontro, Márcia Mura compartilhará as suas experiências e resistências no chão da escola pública e em seu território indígena a partir da Pedagogia da afirmação indígena, que consiste em trabalhar na formação dos estudantes os saberes locais de origem indígena, as memórias, ouvindo as histórias dos mais velhos, aprendendo e levando para a sala de aula os conhecimentos de cantos, danças, alimentação, medicinas, a nomeação das coisas e todos os saberes ancestrais da localidade, que passam de geração em geração por meio da tradição oral. 

Aula 5 – 6.10.2023
Tecendo saberes com famílias e crianças migrantes por meio da poética do tecido
Com Elaine Santana e Clarissa Suzuki

Diálogo com Elaine Santana, professora da EMEI Professor Alceu Maynard de Araújo, localizada na zona central da cidade de São Paulo, um território marcado pela diversidade cultural devido ao grande fluxo migratório. Desde 2018, a escola vem consolidando sua identidade intercultural e construindo parcerias com organizações do entorno como a Casa do Povo e tecendo uma rede de proteção por meio de diálogos com organizações que lutam pela garantia  de direitos da população migrante, como Canicas, Si yo puedo, Warmis e outras. No encontro, a professora compartilhará um pouco do processo de acolhimento das crianças e das famílias migrantes pelos fios da arte e o trabalho de valorização de saberes da comunidade nas oficinas Tecendo saberes, nas quais as famílias compartilham os seus conhecimentos por meio do tecido, da ancestralidade e da memória. 

 

Coordenação

Clarissa Suzuki é ativista, professora e pesquisadora. Doutora e Mestra em Artes pela USP, com pesquisa voltada para as colonialidades e as epistemologias afro-brasileiras e indígenas na educação antirracista das artes. Foi professora de arte da rede de ensino municipal, estadual e privada de São Paulo e Coordenadora de Projetos do Instituto Arte na Escola/SP, além de coordenar inúmeros cursos de formação de professores em todo o país, em Secretarias de Educação, de Cultura e instituições como o MASP e o SESC. Docente há mais de duas décadas, atualmente é professora na graduação (UNIMES), na pós-graduação (A Casa Tombada) e na extensão (ECA/USP). Desde 2010 é pesquisadora do Grupo Multidisciplinar de Estudo e Pesquisa em Arte e Educação (CAP/ECA/USP).

Conferencistas

Ladjane Alves Sousa
Doutoranda em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestra em Educação e Contemporaneidade pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC) e graduada em Pedagogia, ambos os cursos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Membro do Grupo de Pesquisa em Educação e Currículo (GPEC) e do grupo de pesquisa História e Memória da Educação Brasileira (Himeb). Membro da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e membro da Associação Nacional de História (Anpuh).Possui poesias e literaturas infanto-juvenil afro-diaspóricas publicadas como Rainhas, Reis, Mães de Luza, Gordinhas e outros contos. 

Fátima Santana Santos
Mestra em Ensino das Relações Étnico-Raciais (UFSB), possui graduação em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Olga Mettig  e em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), atualmente é Coordenadora Pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos,  coordenou o Projeto Por uma infância escrevivente: práticas de uma educação antirracista (CEERT),   foi ganhadora do Prêmio Arte na Escola Cidadã em 2015 no segmento educação infantil. Foi aluna da III Escuela Internacional de Pos Graduado Más allá del Decenio Internacional de los Pueblos Afrodescendientes em Cuba (CLACSO).  Participa atualmente do grupo de pesquisa Lêtera Negra (UFSB) e da Rede de Etnoeducadoras (UNIRIO). 

Dasu Huni Kuin 
Pedagogo, doutorando no programa de pós-graduação em Linguagem e Identidade na Universidade Federal do Acre (UFAC) e Mestre em Artes Cênicas pela mesma instituição. Sua pesquisa é voltada para o fortalecimento da identidade do povo Huni Kuin através da arte e da cultura. Vive na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, localizada no Alto Rio Envira, afluente do Rio Tarauacá, na bacia do Rio Juruá, município de Feijó, Acre. 

Letícia Gomes Farias 
Mestranda em educação,  especialista em tecnologias para a educação e graduada em Artes Visuais e Pedagogia pela UFRGS. Professora de Arte da rede municipal de Porto Alegre, mulher, preta, nascida e criada em terreiro sob a luz de Iemanjá Boci.

Gabriela Nobre Bins
Doutora e Mestra em Ciência do Movimento Humano - PPGCMH/ESEFID/UFRGS, Licenciada em Ciências Sociais e em Educação Física pela UFRGS. Especialista em Dança pela PUC/RS e Especialista em Educação Psicomotora pela FAPA. Atualmente é professora da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Pesquisadora do grupo F3PEFICE e do grupo Mães F3PEFICE, Educadora Griô formada pela escola de Formação em Pedagogia Griô - Grãos de Luz e Griô. Mãe do Cauã.

Márcia Mura 
Contadora de histórias e escritora, autora do livro O espaço lembrado: Experiência de vida em seringais da Amazônia (Edua, 2012). Recebeu o prêmio de intercâmbio cultural do Ministério da Cultura em 2010. Escritora indígena coordenadora do Coletivo Mura, formada em História pela UFRO, tem Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela UFAM e Doutorado em História Social pela USP, na qual é pesquisadora do Núcleo de Estudos em História Oral. Faz parte do Instituto Madeira Vivo e do Movimento das Wayrakunas do Brasil, bem como da Associação das Mulheres Guerreiras de Rondônia-AGIR.

Elaine Santana
Professora da Rede Municipal de São Paulo, atua na EMEI Professor Alceu Maynard de Araújo desde 2019. Nesse período começou suas pesquisas sobre educação com migrantes, arte e relações étnico-raciais. É mestranda no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais na ECA/USP. Participou da construção do Glossário Colaborativo de Técnicas Têxteis Latino Americanas em parceria com Sesc São Paulo e Instituto Urdume.