El Seminario Soto propone reflexionar, desde nuevas perspectivas, sobre la obra del artista venezolano Jesús Rafael Soto (1923–2005), figura central del arte cinético y del modernismo latinoamericano. Al disolver los límites rígidos entre espectador y obra e incorporar el movimiento como factor determinante en la experiencia artística, Soto contribuyó de manera decisiva a debates teóricos que siguen siendo urgentes en la actualidad, como las nociones de inmaterialidad, interacción y virtualidad.
Especialistas en su obra presentarán ponencias sobre los principios conceptuales que guiaron su práctica, desde los contextos artísticos y políticos de Venezuela hasta su trayectoria en París a partir de la década de 1950. Al trazar constelaciones de referencias y proyectar sus intereses hacia el futuro —como la música y el diálogo entre materia y energía—, el seminario busca destacar la relevancia y el alcance internacional de la obra de Soto, subrayando la emergencia de centros discursivos alternativos dentro del campo artístico global.
El evento, organizado en colaboración con el Institute for Studies on Latin American Art (ISLAA), forma parte de las actividades preparatorias para la exposición dedicada a Jesús Rafael Soto que tendrá lugar en 2026 en el MASP.
ARNAULD PIERRE
Para além do material/imaterial: a antimaterialidade de Soto
Esta apresentação propõe revisitar a noção de “imaterialidade” que permeia a abordagem de Soto em ciência e arte. Tornada um lugar-comum na recepção crítica e histórica, tal noção apresenta a falha de situar o pensamento do artista no cerne de uma dicotomia excessivamente rígida entre material e imaterial. Em vez disso, a fala propõe testar uma noção mais precisa, a de “antimaterialidade”, derivada da física quântica — um campo de estudo caro a Soto. Nesse contexto, que é também o das ameaças da era atômica, a antimatéria refere-se menos à negação da matéria do que a outro estado da matéria, informado pela radiação e pela energia nuclear. Essa perspectiva também deve permitir evidenciar — para além de suas diferenças formais e estéticas — a relação de Soto com as abordagens de alguns de seus contemporâneos, como Victor Vasarely e Yves Klein.LUIS PÉREZ-ORAMAS
Jesús Soto, Lygia Clark, Hélio Oiticica: Rotação, Nachleben e Retorno do Quadrado. As pós-vidas da arte construtiva na América Latina
A partir de uma análise detalhada de uma obra inicial de Soto, sua emblemática Rotação (1952), esta conferência explora diversas manifestações do “quadrado construtivo” na América Latina (particularmente na Venezuela e no Brasil). A Rotación de Soto funciona como uma desconstrução metamórfica, conceitual e antitética do quadrado branco de Composição Suprematista: Branco sobre Branco (1918) de Kazimir Malevich, uma espécie de “nachleben moderno” de tal símbolo construtivo emblemático. Quase contemporânea à Rotação de Soto, a Descoberta da Linha Orgânica (1954), de Lygia Clark, apresenta outro campo de sobrevivência do quadrado construtivo, desta vez em relação ao Quadrado Preto (1915) e ao Quadrado Vermelho (1915) de Malevich. Se Soto propôs uma redução diagramática — uma desativação — do Branco sobre Branco de Malevich, Clark encena uma sobrevivência do Quadrado Preto, sua reativação sob a forma de uma mise en abyme pictórica, desmantelando o vínculo genealógico com o Suprematismo em favor de uma inflexão topológica, que toma a pintura como lugar e o lugar como encarnação literal, culminando, enfim, como ação fúnebre (e ressurreição) do quadrado na última performance de Hélio Oiticica, Devolver a Terra à Terra (1978).SEAN NESSELRODE MONCADA
Matéria em fluxo: as vibrações de Soto
A obra Première Vibration (1957) marca uma inflexão decisiva no percurso de Soto. Substituindo construções planas em Plexiglas por uma projeção menos ordenada e mais materializada de objetos encontrados, inaugura o interesse duradouro do artista pela vibração como processo físico e metafísico. Esta conferência examina a vibração como operação central que anima a obra de Soto; um movimento oscilatório que não apenas estabelece a passagem entre matéria e energia, mas também ancora sua prática no ambiente extrativo e atômico imediato da modernidade do pós-guerra. Como exercícios de desmaterialização e de produção perceptiva de uma “energia-matéria” híbrida, as Vibrações de Soto oferecem chaves para compreender pressupostos amplamente ignorados sobre a distribuição de energia, o fluxo do capital e a ontologia do mundo material que sustentam nossa concepção do que significa ser moderno.JUAN LEDEZMA
A “ideia de país” de Soto
Jesús Soto reconheceu, nas divisórias de concreto perfurado do arquiteto venezuelano Carlos Raúl Villanueva, um meio para a “destruição da parede” e para tornar a arquitetura “abstrata”. O trabalho abstrato de Soto, por sua vez, tornou-se arquitetônico por meio da transformação obliterante do plano em episódios vibratórios discretos, posteriormente espacializados nas obras ambientais chamadas Penetráveis. Em ambos os casos, o elo entre arquitetura e abstração foi o emprego de estruturas abertas que desencadeavam um concatenação serial de percepções, de modo que o edifício ou a obra se registrassem como construção em constante mutação. Esse modo perceptivo de agência construtiva pode ser mapeado de maneira reveladora em relação às noções de ação social mobilizadas pelo discurso que ganhou proeminência política na Venezuela a partir da década de 1960. Ao articular a rigidez de uma ordem construída com o acontecimento aleatório de sua alteração, as formas cinéticas não apenas acompanharam, mas também reconfiguraram a exploração, promovida por esse discurso, de modos de conciliar integridade estrutural e transformação criativa. Sua lógica construtiva ofereceu, assim, um canal simbólico — senão alegórico — para enunciar e elaborar aquilo que Soto chamou de “ideia de país.”PAOLA SANTOS COY
Partituras do espaço
Esta conferência investiga a relação entre a obra de Jesús Rafael Soto e a música, situando-a em um campo expandido em que a vibração opera como categoria estética articuladora de som, matéria e percepção. Desde suas primeiras conexões com o serialismo na Europa, Soto transferiu princípios musicais para o campo visual a fim de estabelecer sua própria metodologia, que mais tarde deu origem a experiências espaciais e corporais como as vibrações e os penetráveis sonoros. O acesso atual a materiais de arquivo abre a possibilidade de ler sua produção como uma escrita visual próxima à notação musical. A apresentação propõe compreender a prática de Soto como uma transcrição sensível entre disciplinas, em que a música deixa de ser mero referente para tornar-se princípio organizador da experiência estética no espaço.ESTRELLITA B. BRODSKY
O deslocamento como estratégia estética: Jesús Soto em Paris, 1950–1970
Esta conferência examina os anos parisienses do artista cinético venezuelano Jesús Soto, com foco no deslocamento tanto como princípio estético quanto como estratégia crítica. Ao deixar a Venezuela em 1950, em meio a turbulências políticas, Soto inseriu-se em uma cena parisiense dinâmica, onde convergiam vanguardas latino-americanas e europeias. Por meio de redes como Los Disidentes, o Salon des Réalités Nouvelles, Art d’Aujourd’hui e a Galerie Denise René, Soto redefiniu a abstração em torno de ideias de desmaterialização e instabilidade, desestabilizando o objeto artístico e ativando o espectador como participante. A prática de Soto não apenas transformou o modernismo europeu, mas também articulou uma visão distintamente latino-americana de arte como socialmente engajada e participativa, forjando uma nova linguagem cinética enraizada no deslocamento e na troca.ARNAULD PIERRE
Más allá de lo material/inmaterial: la antimaterialidad de Soto
Esta presentación propone revisitar la noción de “inmaterialidad” que permea el enfoque de Soto en ciencia y arte. Convertida en un lugar común en la recepción crítica e histórica, tal noción presenta la falla de situar el pensamiento del artista en el núcleo de una dicotomía excesivamente rígida entre lo material y lo inmaterial. En cambio, la conferencia propone probar una noción más precisa: la de “antimaterialidad”, derivada de la física cuántica, un campo de estudio importante para Soto. En este contexto, que también es el de las amenazas de la era atómica, la antimateria se refiere menos a la negación de la materia que a otro estado de esta, informado por la radiación y la energía nuclear. Esta perspectiva también permitirá evidenciar —más allá de sus diferencias formales y estéticas— la relación de Soto con los enfoques de algunos de sus contemporáneos, como Victor Vasarely y Yves Klein.LUIS PÉREZ-ORAMAS
Jesús Soto, Lygia Clark, Hélio Oiticica: Rotación, Nachleben y Retorno del Cuadrado. Vidas posteriores del arte constructivo en América Latina
A través de un análisis detallado de una obra temprana de Soto, su emblemática Rotación (1952), esta conferencia profundizará en las diversas manifestaciones del “cuadrado constructivo” en América Latina (particularmente en Venezuela y en Brasil).SEAN NESSELRODE MONCADA
Materia Flux: Las Vibraciones de Soto
La obra de Soto de 1957, Première Vibration, anuncia un cambio decisivo. Intercambiando construcciones planas de Plexiglás por una proyección menos ordenada y más materializada de objetos encontrados, inaugura el prolongado interés del artista en la vibración como un proceso físico y metafísico. Esta conferencia contempla la vibración como la operación clave que anima la obra de Soto, un movimiento oscilatorio que no solo forma el conducto entre la materia y la energía, sino que también fundamenta su trabajo en el entorno inmediato extractivo y atómico de la modernidad de posguerra. Como ejercicios de desmaterialización y producción perceptual de una "energía-materia" híbrida, las Vibraciones de Soto ofrecen ideas clave sobre presunciones en gran parte no reconocidas de distribución de energía, el flujo de capital y la ontología del mundo material que sustentan nuestra comprensión de lo que significa ser moderno.JUAN LEDEZMA
«La idea de un país» de Soto
Jesús Soto reconoció en las particiones de hormigón perforado del arquitecto venezolano Carlos Raúl Villanueva un medio para "la destrucción del muro" y para hacer la arquitectura "abstracta". La obra abstracta de Soto, por el contrario, se volvió arquitectónica a través de la transformación aniquiladora del plano en episodios vibratorios discretos, eventualmente espacializados en las obras ambientales llamadas Penetrables. Lo que en ambos casos tendió un puente entre la arquitectura y la abstracción fue el uso de estructuras abiertas que impulsaron la superposición seriada de percepciones, de modo que el edificio o la obra se registrarían como construcciones que cambiaban repetitivamente. Este modo perceptual de agencia constructiva puede mapearse reveladoramente en nociones de acción social movilizadas por el discurso que ganó prominencia política en Venezuela a partir de la década de 1960. Articulando la fijeza de un orden construido en el evento aleatorio de su alteración, las formas cinéticas paralelizaron e incluso reconfiguraron la exploración de este discurso sobre las formas de reconciliar la integridad estructural con la transformación creativa. La coherencia estructural inherente a sus creaciones se erigió como un vehículo, tanto simbólico como alegórico, a través del cual Soto pudo plantear y dar forma a lo que él denominaba «la idea de un país».PAOLA SANTOS COY
Partituras del espacio
Esta conferencia explora la relación entre la obra de Jesús Rafael Soto y la música, situándola en un terreno expandido donde la vibración opera como categoría estética que articula sonido, materia y percepción. Desde sus primeros vínculos con el serialismo en Europa, Soto trasladó principios musicales al ámbito plástico para establecer una metodología propia, que más tarde derivó en experiencias espaciales y corporales como las vibraciones y los penetrables sonoros. El acceso a materiales de archivo abre hoy la posibilidad de leer su producción como una escritura visual cercana a la notación musical. La presentación propone comprender la práctica de Soto como una transcripción sensible entre disciplinas, en la que la música deja de ser un mero referente para convertirse en un principio organizador de la experiencia estética en el espacio.ESTRELLITA B. BRODSKY
El Desplazamiento como Estrategia Estética: Jesús Soto en París, 1950–1970
Esta conferencia examina los años que pasó en Paris el artista venezolano de arte cinético, Jesús Soto, centrándose en el desplazamiento como principio estético y estrategia crítica. Tras abandonar Venezuela en 1950 en medio de la agitación política, Soto se adentró en la dinámica escena parisina donde convergían las vanguardias latinoamericanas y europeas. A través de redes como Los Disidentes, el Salon des Réalités Nouvelles, Art d’Aujourd’hui y la Galerie Denise René, redefinió la abstracción en torno a las ideas de desmaterialización e inestabilidad, desestabilizando el objeto artístico y activando al espectador como participante. La práctica de Soto no solo transformó el modernismo europeo, sino que también articuló una visión del arte distintivamente latinoamericana, comprometida socialmente y participativa, forjando un nuevo lenguaje cinético arraigado en el desplazamiento y el intercambio.ARIEL JIMÉNEZ
Jesús Soto: Inmateriales
Esta conferencia intenta describir los procesos plásticos de Jesús Soto entre 1949 y 1962, en su voluntad de darle forma visible a una de las mayores preocupaciones de los tiempos modernos: la energía y las fuerzas inmateriales que gobiernan, a sus ojos, el universo.