MASP

Giovanni Pellegrini

A rainha Tômiris, 1710-20

  • Autor:
    Giovanni Pellegrini
  • Dados biográficos:
    Veneza, Itália, 1675-Veneza, Itália ,1741
  • Título:
    A rainha Tômiris
  • Data da obra:
    1710-20
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    123,5 x 97 x 3,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Moinho Santista S.A., 1947
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00034
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



O tema baseia-se em uma passagem de Heródoto (I, pp. 205-214). Em meados do século VI a.C., Tômiris é a rainha dos massagetas, povo seminômade de origem iraniana que ameaçava a fronteira nordeste do império persa, entre o mar Cáspio e os Urais, e cuja reputação de ferocidade é mencionada pelo historiador grego. Tômiris teve seu exército parcialmente aniquilado por Ciro II, o Grande, o qual foi ulteriormente derrotado por ela em uma catastrófica batalha. Conforme a mesma narrativa, para se vingar da morte do filho, prisioneiro de Ciro, Tômiris cumpriu o juramento de afogar em sangue humano a cabeça do conquistador persa (529 a.C.). O quadro A Rainha Tômiris, do Masp, representa a rainha oriental com os seios descobertos, em conformidade com o apelo erótico que exerce sobre o imaginário setecentista a licentia dos antigos impérios orientais. Tômiris é representada no momento em que recebe de um escravo o elmo do rei persa, uma delicada metonímia, própria de um gosto que não se deixa mais seduzir pelo culto do horrendo, legado pelo século de Ribera e Langetti. Para além de seu erotismo e de seu poder evocador de um Oriente fascinante, a fábula histórica devia paradoxalmente evocar conotações morais, como o heroísmo feminino e a vitória sobre a prepotência. A atribuição da obra a Pellegrini é de Roberto Longhi (carta a P. M. Bardi, de 20/6/1947): “a terna heroína desta sua tela, provavelmente a ‘Rainha Tômiris’, é até hoje a coisa mais encantado- ra que eu tenho encontrado do setecentista veneziano Giovanni Antonio Pellegrini. Sobre a importância de Pellegrini (...) como precursor do melhor ‘dix-huitième’ francês, fiz recentemente algumas observações em meu ‘Viatico per 5 secoli di pittura veneziana’. Lamento não haver conhecido em tempo esta pintura porque tê-la-ia com prazer publicado como o exemplo mais convincente desta precedência. Esta sensualíssima figura com empasto de leite e rosas foi de fato pintada quando Boucher e Fragonard não haviam ainda aparecido sobre a cena artística. Um confronto com as telas de sobreportas da Galeria Schönborn, em Pommersfelden na Baviera, pintados entre 1y20 e 1y25, demonstra que o seu quadro pode se situar por volta dos mesmos anos”. Pallucchini (1960) e Bettagno (carta a P. M. Bardi, de 12/10/1954) dataram a obra dos mesmos anos. Segundo Pallucchini, a obra, “de grande efeito, realizada quase com temeridade mediante uma pincelada solta, jogada”, (...) “pode pertencer ao segundo período inglês do pintor” (1719-1720), período ocasionado por encomendas para a manor de Lord William Cadogan (1675-1726), o qual, após uma afortunada reabilitação sob o governo do rei George I, acabava de ser nomeado 1º Conde Cadogan, Visconde Caversham e Barão Cadogan de Oakley. Nascida dessa oportunidade, a Rainha Tômiris do Masp proviria assim originariamente dessa célebre coleção Cadogan.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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