Por Lilia Schwarcz e Guilherme Giufrida
A partir de meados da década de 1960, Antonio Henrique Amaral passou a retratar elementos da cultura de massa brasileira. Destacam-se as séries de pinturas em torno da representação de bananas, compostas muitas vezes com garfos, pratos, cordas e bandeiras. A banana pode se referir à condição do Brasil como exportador de produtos de baixo valor agregado—em uma referência à conhecida expressão "república das bananas"—ou à própria ideia de banalidade da violência e do mal. Amaral retoma ainda o tema modernista da representação de símbolos nacionais por meio de procedimentos da arte pop, menos pela repetição de um ícone cultural e mais no sentido de amarrá-la, cortá-la, enforcá-la, confiná-la e apodrecê-la. Tudo ocorre em primeiro plano, como em closes de um filme de terror. Com seu hiper-realismo quase fantástico, o artista realiza aqui uma crítica bem-humorada a um dos principais estereótipos tropicais.
— Lilia Schwarcz, curadora adjunta de histórias, MASP, Guilherme Giufrida, curador assistente, 2022