Pintor e cenógrafo negro, Emmanuel Zamor foi adotado na Bahia por uma família do Congo, então ocupado pela França, que estava de passagem pelo Brasil. Ele acompanhou a família para a França, ainda durante a infância,
e estudou desenho, provavelmente na Académie Julian em Paris, onde recebeu o apelido de “Le Petit Brésilien” [o pequeno brasileiro]. Apesar de passar dois anos em Salvador, de 1860 a 1862, foi na França que o artista
estudou e formou o seu repertório, constituído principalmente de naturezas-mortas e cenas ao ar livre. O cuidado de Zamor em restituir a ambiência das paisagens campestres evidencia uma influência da Escola de
Barbizon, comunidade de pintores que buscavam retratar as sensações atmosféricas e variações de luz das paisagens. É o caso, por exemplo, de
Barcas à margem do rio, na qual a luminosidade da pintura se constrói a partir do jogo de reflexos na superfície da água. Essa obra foi doada na ocasião de uma exposição individual do artista no MASP em 1985, momento em que foi descoberto
pelo público brasileiro.