A série Estudo para manutenção da paisagem n.1, 2 e 3 trata tanto da história do MASP quanto do local onde está localizado o seu atual prédio, na Avenida Paulista. O edifício projetado por Lina Bo Bardi (1914-1992) foi inaugurado em 1968 no antigo terreno do Belvedere do Trianon, local de onde se podia avistar o centro de São Paulo. Em seu projeto, Bo Bardi criou uma estrutura suspensa para o Museu, que permitiu a criação de uma grande praça, o Vão Livre do MASP, mantendo a vocação original do Belvedere – um espaço de convivência. Com o desenvolvimento da cidade, a vista para o Centro foi sendo obstruída por novos edifícios. Ao apropriar-se de fotografias e mapas que representam essa paisagem tão complexa, e expô-los sob lâminas de vidro fosco, Grilo criou intervenções que remetem à obstrução da atual vista e, ao mesmo tempo, ao apagamento da história da cidade de São Paulo. Os trabalhos também se referem a outro apagamento, desta vez da própria história do Museu, que deixou de utilizar, em 1996, os icônicos cavaletes de cristal de Bo Bardi para expor sua coleção. Os cavaletes foram reinstalados na pinacoteca do museu em 2015. Uma das superfícies leitosas empregadas por Grilo, para velar uma fotografia do Belvedere, foi aplicada justamente sobre o vidro de um cavalete, criando uma opacidade em um dos símbolos mais potentes do conceito de transparência empregado pela arquiteta no projeto do Museu. O artista questiona tanto as utopias de modernidade e os descaminhos urbanísticos da cidade, quanto a relação entre o projeto de Museu e a forma como a instituição o desenvolveu ou o deturpou em sua história.
— Equipe curatorial MASP, 2017