Como tantos outros artistas e intelectuais, Sepp Baendereck abandonou a Europa devastada pela guerra e veio para as Américas em 1948. Quando chegou ao Brasil, seu trabalho era abstrato, mas logo transformou-se na sua
chegada ao Brasil. Inicialmente, morou no Rio de Janeiro e trabalhou com desenho publicitário. Anos depois, em São Paulo, fundou uma das maiores agências de propaganda do país, a Denison, e a presidiu até 1977,
quando decidiu dedicar-se exclusivamente à pintura. O artista participou de mostras importantes, como a 1ª Bienal de São Paulo em 1951. Baendereck realizou diversas viagens à Amazônia, e chegou a integrar uma
expedição pelo rio Negro, junto com o artista Frans Krajcberg e o crítico francês Pierre Restany (1930-2003), que na ocasião escreveu o
Manifesto do Naturalismo Integral, defendendo o maior contato entre arte e natureza. Anterior à expedição, a obra do MASP é um registro flagrante e controverso do avanço desenvolvimentista sobre o interior do Brasil. Na pintura, os homens Xavantes
posam alegremente sobre um trator com ares de grandeza. O céu azul e limpo do cerrado do Mato Grosso, onde vivem os Xavantes, contrasta com os tons metalizados de vermelho e com a cor suja da roda do trator. Com a
vista de baixo, a pintura parece elogiar ironicamente o avanço da máquina e sugerir uma relação perversamente harmoniosa entre os índios e a máquina no contato entre o “progresso” e os povos originários.