Um dos principais pintores de marinhas na arte brasileira, Pancetti (1902-1958) compôs, em trabalhos do final de sua carreira, representações praieiras em que se nota uma maior preocupação com a composição formal das
paisagens, resumidas a cores, volumes e faixas estilizadas e bem destacadas. Isso se dá em
Itapuã, Salvador, BA(1953), da série Bahia. Nesta tela, vê-se um mar calmo, marcado com o reflexo da espuma das ondas, representadas por faixas horizontais esbranquiçadas; notam-se alguns poucos banhistas distantes, à beira-mar, identificados por pontos de
cor; a maior porção da tela é composta pela praia, chapada em diferentes tons, com barcos atracados. O artista organiza a composição entre a água, a areia e as embarcações através de planos cromáticos justapostos
horizontalmente. A geometria persiste na maneira como ele retrata as folhagens secas em traços diagonais sobrepostos por manchas pretas e marrom — tons que trazem elementos gráficos à pintura. Destaca-se a forma como
ele pintou as rochas, fazendo-as sobressair no mar e na pintura por meio de uma textura criada pelo acúmulo de pigmentos. O tamanho reduzido deste e de outros trabalhos de Pancetti revela seu método de pintura de
observação solitária ao ar livre. As marinhas do pintor acabam por traduzir uma experiência sentimental com aqueles lugares; ao mostrar aquilo que observava, o artista parece revelar também a sua interioridade. O
MASP possui cinco pinturas do artista em seu acervo.