O retratado, em primeiro plano, é o banqueiro Henri Fourcade e, ao fundo, também de cartola, está Gabriel Tapié de Céleyran, primo do pintor. A obra
Monsieur Fourcadefoi apresentada no Salon des Indépendantsno mesmo ano de 1889 (n. 258) em que a obra foi criada, o que forneceria, se necessário fosse, uma indicação suplementar de que Lautrec não a considerava um estudo. Trata-se de um recorte compositivo no qual o jogo
entre distância e escala é tenso, senão calculadamente desconcertante: de um lado, a cena é marcada a meia distância, algo semelhante ao que viria a prevalecer no cinema com o “plano americano”, de outro, contudo, a
figura de Fourcade lança-se para fora da tela, num plano próximo ao espectador, conferindo-lhe um excepcional efeito de realidade. Tal efeito é sublinhado pela tridimensionalidade e profundidade psicológica da
fisionomia que absorve todo o investimento do artista na forma, em detrimento dos demais elementos reduzidos a um cinetismo gráfico absolutamente incorpóreo.