MASP

José Alves de Olinda

Navio negreiro, 2018

  • Autor:
    José Alves de Olinda
  • Dados biográficos:
    Recife, Pernambuco, 1953
  • Título:
    Navio negreiro
  • Data da obra:
    2018
  • Técnica:
    Madeira policromada, fibra vegetal, metal e fibra de algodão tingida
  • Dimensões:
    60 x 55 x 14 cm
  • Aquisição:
    Doação Adriano Pedrosa, Amanda Carneiro, André Mesquita, Horrana de Kássia Santoz, Fernando Oliva, Isabella Rjeille e Tomás Toledo, no contexto da exposição Histórias afro-atlânticas, 2018-20
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.10982
  • Créditos da fotografia:
    Eduardo Ortega

TEXTOS



José Alves de Olinda, também conhecido como Mestre Zé Alves, é um artista pernambucano que adotou como sobrenome a cidade em que vive e trabalha. Filho de um artesão que fabricava brinquedos com madeira e latinhas de alumínio, desde criança o artista se interessou pela escultura em madeira—ele recolhia galhos pelas ruas de Recife para fazer bonecos, casas e outros objetos. Em 1969 foi convidado a trabalhar na galeria Nega Fulô Artes e Ofícios, um importante espaço aberto a artistas locais que estimulou produções e debates em torno da arte popular nordestina. Na galeria conheceu Manuel Fantoura, o Nhô Caboclo, com quem assimilou as técnicas e temáticas que compõem sua obra, que representa guerreiros negros e indígenas, figuras mitológicas como o saci-pererê, casas de farinha, barcos e cata-ventos. A escultura do MASP, Navio negreiro, remete às embarcações utilizadas no período colonial para o tráfico de homens e mulheres escravizados, vindos de diferentes partes da África para as Américas. Ela também se refere à barca dos Exus, temática recorrente na obra do artista que retoma a diáspora africana por meio da representação da própria travessia do Atlântico e também do orixá Exu—divindade das religiões de matriz afro que atua como mensageiro, realizando a ligação entre o Aiê (mundo físico) e o Orum (mundo espiritual). Aqui, os tripulantes do navio não estão acorrentados ou subjugados, ao contrário, são representados como guerreiros empunhando suas lanças, subvertendo a lógica colonial e escravista e apontando para elementos culturais que os fluxos afro-atlânticos trouxeram para a sociedade brasileira.

—Matheus de Andrade, assistente de pesquisa, 2021



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