MASP

Henri de Toulouse-Lautrec

O divã, Circa 1893

  • Autor:
    Henri de Toulouse-Lautrec
  • Dados biográficos:
    Albi, França, 1864-Saint-André-du-Bois, França ,1901
  • Título:
    O divã
  • Data da obra:
    Circa 1893
  • Técnica:
    Óleo com essência sobre cartão
  • Dimensões:
    54 x 69 cm
  • Aquisição:
    Compra, 1958
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00124
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Toulouse-Lautrec iniciou seus estudos em pintura nos ateliês de artistas, em Paris, acompanhando de perto a produção de sua época com especial atenção para a arte impressionista. Ele estudava também as estampas japonesas, que começaram a chegar à Europa no século 19 e ganharam grande notoriedade. Toulouse-Lautrec interessava-se especialmente pelo modo objetivo como essas estampas criavam a sensação de espaço, com massas compactas de cor e enquadramentos mais soltos, despojados. Outra relação com a gravura japonesa está no fato de o artista deixar visíveis algumas partes da tela ou do papel, sem cobertura de tinta, de modo a incorporar o suporte na composição. Por essas características, sua pintura fundou um estilo muito particular de cartazes de propaganda de teatros e festas. Toulouse-Lautrec foi o grande pintor da boemia parisiense, com seus cafés, cabarés, dançarinos e toda sorte de pessoas que frequentavam a vida noturna. Nos anos finais de sua vida, o artista morou em alguns bordéis e tornou-se amigo e confidente das prostitutas. Produziu diversas pinturas que retratam cenas cotidianas e banais, momentos de lazer, descanso, carinho e tédio, como em O divã, em que as mulheres esperam seus clientes na famosa sala da hoje demolida maison close da rue des Moulins. Nas diversas situações, porém, o artista não constrói sua pintura de modo a fingir ou instigar a visão de um mundo proibido: Lautrec parece compartilhar o ambiente de calmaria, em que aquelas mulheres não se oferecem nem aos seus habituais clientes, nem ao olhar do espectador, historicamente constituído como sendo masculino.

— Equipe curatorial MASP, 2017

Fonte: MASP: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: Instituto Cultural J. Safra, 2017. (Coleção museus brasileiros)




Por Adriano Pedrosa
Em 2017, co-curei, com Luciano Migliaccio e assistência de Mariana Leme, a mostra Toulouse Lautrec em vermelho, a partir das 11 obras do artista no acervo do MASP. Era minha primeira curadoria de uma individual de um artista do século 19, mas as histórias que me interessavam no trabalho continuam relevantes hoje e se inseriam num ano inteiro dedicado às Histórias da sexualidade no museu — as histórias da noite, da intimidade, da prostituição, do gênero, da representação da mulher, do homoerotismo. Lautrec teve um vida intensa de muitos excessos (morreu aos 36 anos), convivendo intimamente com artistas, dançarinas, prostitutas, burgueses, boêmios, artistas e figuras da noite, num local e tempo emblemáticos para entender as transformações modernas na arte e na vida: Paris na passagem entre os séculos 19 e 20. Uma das obras mais extraordinárias da coleção do MASP é No salão, 1893, parte de um conjunto de cerca de 40 obras da famosa maison close La Fleur Blanche [A Flor Branca], luxuoso bordel na rue de Moulins, em Paris. A personagem da obra do MASP surge em outra tela, e o conjunto mostra mulheres sentadas, algumas em postura ereta, a maioria cansada, refestelada, à espera de clientes ou talvez já depois de tê-los atendido no mesmo ambiente. Não há homens nas representações do salão vermelho de Lautrec, as mulheres são as protagonistas: algumas se acariciam ou jogam cartas, outras levantam as camisolas para uma inspeção médica, num instantâneo típico da dura vida na maison close.

— Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, 2020

Fonte: Instagram @masp 30.08.2020





Segundo se pode depreender de fotografias disponíveis, O Divã trata-se quase certamente da sala de espera de uma maison close, uma das mais luxuosas de Paris, situada na rue des Moulins. Na qualidade de cliente habitual da casa, Lautrec pinta-a diversas vezes entre 1891 e 1895, às vezes repetindo as mesmas personagens. Magnificamente degasiana é a composição desta cena com as três figuras imersas no veludo do imenso divã, enquanto uma quarta apresta-se a sair do campo visual.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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